Reino Unido: A ambição de Nigel Farage e as expetativas de outros partidos

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Conhecido por “senhor Brexit” pela influência que teve na saída do Reino Unido da União Europeia, Farage assumiu o objetivo de superar os conservadores para liderar a oposição a um governo trabalhista. 

A vitória do Partido Trabalhista é o cenário provável das eleições legislativas britânicas de 04 de julho, mas outros partidos também têm expetativas elevadas, incluindo a eleição de Nigel Farage e a ascensão dos Liberais Democratas.

Com os trabalhistas de Keir Starmer folgadamente à frente dos conservadores de Rishi Sunak nas últimas sondagens, eis alguns pontos essenciais sobre as perspetivas dos restantes partidos:

Ambição do Partido Reformista

O anúncio da candidatura de Nigel Farage em Clacton-on-Sea dias antes do prazo foi, provavelmente, o momento mais surpreendente desta campanha.

Conhecido por “senhor Brexit” pela influência que teve na saída do Reino Unido da União Europeia, Farage assumiu o objetivo de superar os conservadores para liderar a oposição a um governo trabalhista.

O objetivo a longo prazo do Partido Reformista (Reform UK) é liderar a direita política britânica, como os reformistas canadianos fizeram no início do século.

As sondagens têm variado, com intenções de voto que subiram até aos 19%, acima dos ‘tories’ e dos Liberais Democratas, mas o funcionamento do sistema de eleição por maioria simples (“first-past-the-post”) poderá resultar em menos deputados do que os rivais.

O avanço do partido de direita radical, cuja principal política é restringir a imigração, foi interrompido quando Farage disse numa entrevista que a invasão russa da Ucrânia foi provocada pelo ocidente e defendeu Vladimir Putin, atraindo críticas generalizadas.

A credibilidade do Reform UK também foi manchada por membros associados à extrema-direita ou por fazerem comentários racistas e misóginos.

Recuperação dos Liberais Democratas

Não se espera de Ed Davey o mesmo impacto que Nick Clegg teve nas eleições de 2010, quando o desempenho do partido garantiu a entrada para o governo em coligação com os conservadores.

Mas algumas sondagens projetaram o regresso dos Liberais Democratas ao pódio dos partidos com representação parlamentar no terceiro lugar e, num caso, segundo lugar.

O líder do partido centrista protagonizou algumas ações de campanha mediáticas, que incluíram Davey a cair de uma prancha num lago para denunciar a poluição da água ou descer num escorrega gigante para alertar para a saúde mental.

Os “Lib Dems” têm vindo a ganhar terreno sobretudo em áreas rurais com eleitores conservadores insatisfeitos e poderão beneficiar de alguma votação tática de eleitores trabalhistas para evitar que candidatos do governo ganhem.

Verdes em suspenso

O partido dos Verdes tem como ambição subir de um para quatro deputados, procurando capitalizar o sucesso ao nível local dos últimos anos e o desejo de muitos eleitores por uma alternativa de esquerda.

A única deputada “verde” durante 14 anos, Caroline Lucas, não se vai recandidatar, mas o partido espera manter o assento de Brighton Pavilion, onde concorre a antiga líder, Sian Berry, e ganhar o de Bristol Central, onde é candidata a co-líder Carla Denyer.

No entanto, o partido, cuja popularidade nas sondagens se fica pelos 5%, é refém do sistema de votação de maioria simples, que normalmente favorece os grandes partidos.

Descida do SNP

O Partido Nacionalista Escocês (SNP) dominou a política regional nos últimos quinze anos, mas as sondagens sugerem que deverá perder para o Partido Trabalhista, o mais votado da Escócia até 2010.

O partido foi enfraquecido pela demissão, no ano passado, da carismática primeira-ministra Nicola Sturgeon, devido a uma investigação policial sobre finanças partidárias e suspeitas sobre o marido, antigo funcionário.

O SNP continua a querer forçar Londres a aceitar um novo referendo sobre a independência, apesar de esta causa ter perdido muitos apoiantes, que querem que o governo regional se concentre nos problemas da saúde e custo de vida.

A última votação, em 2014, foi ganha pelo “não” por 55%, mas os independentistas argumentam que o ‘Brexit’ votado em 2016, ao qual os escoceses se opuseram de forma esmagadora, mudou as circunstâncias.

Os trabalhistas opõem-se firmemente à independência da Escócia, tal como os conservadores.

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