«Remontada» à moda de Ancelotti: saia mais uma dose

É um clássico da liga espanhola e um dos mais saboreados em Madrid. A remontada à moda de Ancelotti, normalmente servida a frio, teve na visita a Las Palmas um sabor especialmente nutritivo. O Real teve de sofrer para passar nas Canárias, depois de 60 minutos mais do que amorfos, e só esfregou a barriga de satisfação com um golo de Tchouaméni (minuto 84): 1-2 na Gran Canaria. 

Comecemos por aí. Depois de sobreviver a um processo de desinspiração em curso, o Real começou a carregar, a aproveitar um estranho assoberbamento do Las Palmas e completou a famosa reviravolta no seguimento de um pontapé de canto. Belo cabeceamento de Aurélien Tchouaméni, um dos homens lançados por Ancelotti do banco de suplentes, a ganhar nas alturas a Juan Herzog. 

O que ficara para trás? Uma primeira parte mais do que desinteressante por parte dos blancos, um Las Palmas atrevidíssimo e uma decisão simpática da equipa de arbitragem para com Rodrygo - o avançado deu uma palmada na cara do portero Álvaro Valles e escapou com um amarelo. 

A tendência manteve-se até ao golo do Las Palmas, mais do que esperado por essa altura. Servir é uma arte e Sandro Ramírez aplicou a teoria no passe para o golo de Javi Muñoz, um antigo jogador do Real. 

Daí para a frente, estranhamente, os canários não foram capazes de ter a mesma postura. Baixaram linhas, expuseram-se ao crescimento blanco - importantes as entradas também de Joselu e Valverde - e os dois golos surgiram com uma naturalidade perturbante. Vinícius Jr. fez o empate aos 65, já depois de ter ameaçado por duas vezes. 

Contas feitas, o Real Madrid agarrou-se ao topo do campeonato, alimentado pela remontada costumeira e uns últimos 30 minutos francamente melhores do que os anteriores 60. Ah, e Luka Modric voltou a não sair do banco de suplentes.