Renováveis podem baixar a fatura da eletricidade entre 10% e 20%

2 meses atrás 73

10 jul, 2024 - 06:00 • Sandra Afonso

Especialista norte-americano sobre energias renováveis garante, em entrevista à Renascença, que é possível ter países a funcionar a 100% com energia renovável na Europa "dentro de uma década".

As energias renováveis podem baixar a fatura da eletricidade entre 10 a 20%. São contas avançadas à Renascença por Doug Arent, diretor executivo do Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos Estados Unidos da América (EUA), que atualmente trabalha com 40 países em todo o mundo.

Segundo o especialista, as energias renováveis, em particular a eólica e a solar, muitas vezes também a hidroelétrica e a biomassa, são as novas opções de menor custo em quase todos os países do mundo. O impacto no preço pode chegar aos 20%.

"Depende muito explicitamente da estrutura do mercado eléctrico e das regras que forem definidas. Não há uma resposta genérica. Sabemos, por exemplo, que em algumas comunidades na Europa e no Reino Unido, onde as empresas foram convidadas a produzir energia localmente, os consumidores locais podem comprar energia diretamente ao produtor. Ou seja, depende da estrutura do mercado. Em muitos casos, poupam 10 ou 20%", explicou Doug Arent.

O laboratório de Doug Arent está neste momento a implementar a transição para as renováveis em Los Angeles, que tem o dobro da população de Portugal. Até 2035, a cidade quer estar a funcionar a 100% com energia limpa.

Energias renováveis abastecem 87% do consumo de eletricidade até maio

Arent garante que é possível ter países a funcionar a 100% com energia renovável na Europa "dentro de uma década, se houver vontade de implementá-las".

"A Europa tem muitos recursos renováveis: eólico, hídrico, biomassa, energia oceânica, entre outros. Há países, incluindo Portugal, que geram 100% de energias renováveis durante algumas horas ou alguns dias por ano. Mas se pergunta quando teremos 100% o ano inteiro, isso vai exigir mais estudos", considerou o especialista.

Esta transição implica um forte investimento em novas infraestruturas e adaptação das existentes, mas que é compensado a longo prazo.

"Por norma, com a transição para as energias renováveis, aumentamos os custos de capital, mas diminuímos os custos operacionais. Não há custos com combustível, essencialmente. Assim, durante um longo período de tempo, desde que o custo de capital seja baixo, acabamos por reduzir os custos anuais devido aos baixos custos de combustível e as despesas anuais vão baixando", argumenta Doug Arent.

Renováveis representaram 70,7% da produção de eletricidade em 2023

A transição para as renováveis vai ainda mexer com o mercado de trabalho, onde pode criar empregos "desde técnicos até à instalação e gestão digital de equipamento".

O diretor do laboratório norte-americano de energias renováveis considera ainda crítico o papel dos privados na transição para as renováveis, já que, "por um lado, desenvolvem a tecnologia e, claro, há os empregos e operações contínuas. O setor financeiro contribui com o financiamento de projetos, empresas e até start ups, que podem desenvolver novas soluções digitais".

"Há ainda a transição do sector dos transportes", alerta Doug Arent: "toda a indústria automóvel, que é grande parte da transição das energias limpas para a mobilidade, comboios, aviões, autocarros e navios. Isto também é quase tudo do setor privado e são absolutamente críticos para liderar e fazer parte da mudança".

Doug Arent está em Portugal para a cimeira "Digital with Purpose", que decorre até quinta-feira no Estoril.

Destaques V+

Ler artigo completo