REPORTAGEM | «Estamos a correr contra o tempo»: as incertezas na SAD do Vilaverdense

1 mes atrás 87

A dias da estreia na Liga 3 2024/25, o projeto do Vilaverdense está envolvido em mistério. Na imprensa local, notícias que a pré-época arrancou apenas na passada segunda-feira e que Luisinho vai ser o novo treinador, com uma mudança de investidores em cima da mesa. Oficialmente, nenhuma resposta ou explicação. 

O mesmo acontece na equipa feminina, inscrita na Liga BPI e sem qualquer tipo de anúncio, seja de elementos do plantel ou da equipa técnica.

No meio de um mar de dúvidas, o zerozero conseguiu alguns esclarecimentos.

Länk: do céu a um triste final

A entrada do grupo do grupo de investimento canadiano Länk, em 2020, alavancou o projeto Vilaverdense para patamares mais altos. A ambição era notória, um novo símbolo foi introduzido - alguma contestação dos sócios - e os primeiros anos do projeto foram prometedores.

Uma onda de otimismo gerou-se no Campo da Cruz do Reguengo, com uma cada vez mais efusiva mancha verde a acompanhar o salto da equipa para a Liga 3 e, posteriormente, uma entrada histórica nos campeonatos profissionais. A 11 de junho de 2023, Vila Verde vivia um dos dias mais felizes da sua história desportiva.

Para os mais atentos, alguns sinais já geravam preocupação nos meses anteriores à confirmação da subida. Os atrasos salariais não eram uma novidade no projeto, com o plantel a ter mesmo avançado para uma greve no final de 2022. Apesar do ruído e dos sobressaltos, Ricardo Silva conseguiu conduzir os seus homens à II Liga.

Investimento canadiano está de saída @Filipe Amorim / Kapta+

Desde cedo, porém, se percebeu que a estreia nos campeonatos profissionais ia acontecer num contexto de muita dificuldade. Para começar, o Lank Vilaverdense foi obrigado a jogar de casa às costas, num roteiro que passou por Paços de Ferreira, Penafiel e Coimbra, uma última paragem a mais de duas horas de distância e a cerca de 190 km.

De forma natural, a ligação entre adeptos e equipa sofreu um rombo forte. Uma situação também com culpas da SAD. Inexplicavelmente, não é feita uma publicação nas suas redes sociais no passado mês de novembro, uma estratégia de ausência de comunicação que aconteceu em vários momentos deste ciclo Länk.

No início de 2024, a confirmação oficial da Liga Portugal da existência de incumprimentos salariais, situação que levou mesmo à perda de um ponto pela via administrativa. No final do mercado de inverno, a insólita inscrição de Courtney Reum, cunhado da socialite Paris Hilton e sem nenhuma experiência profissional aos 45 anos.

O jogo de interesses teve o seu ponto mais baixo a 5 de maio. Na manhã de domingo que ditou a queda do Länk Vilaverdense, Sérgio Machado lançou em campo Courtney Room aos 86 minutos, uma decisão que o técnico reconheceu «pôr em causa os seus princípios».

Após o apito final, a tristeza de uma equipa técnica e um plantel de lutadores contrastou com a alegria de Reum, em festejos com um grupo de amigos presente no Municipal de Coimbra. Uma vergonha para o projeto - refém a este tipo de situações - e para uma competição profissional.

Missão de Luisinho adivinha-se difícil @SC Coimbrões

«Vamos construir novamente um caminho de sucesso»

O apagão e o mistério em relação à nova época apenas ganhou alguma luz no início desta semana, com o Jornal Vilaverdense a noticiar a contratação de Luisinho para o comando técnico e o início dos trabalhos de preparação, a uma semana do primeiro encontro oficial na Liga 3, em Fafe

Na mesma publicação, é referido que o plantel vai sofrer muitas mudanças e ainda está longe de estar fechado. Mais importante, o anúncio que a SAD está em processo de mudança, com a entrada de um investidor brasileiro-japonês que já esteve ligado ao Praiense.

De forma amigável, Hugo Soares, presidente do Vilaverdense, admitiu ao zerozero o momento agitado que vive a estrutura. Entre inscrições de jogadores e o curto tempo de preparação, o dirigente reconheceu a «corrida contra o tempo» e confirmou a chegada de um novo investidor, sem detalhar mais pormenores.

Ao nosso portal, revelou o objetivo de mudança de nome e de símbolo, mais próximo das origens do clube. Isto, logicamente, após serem ultrapassadas as «complexas questões legais». A equipa feminina também não vai ser esquecida.

O projeto Länk, porém, merece para Hugo Santos um «agradecimento» pelos anos de crescimento desportivo, num «final de ciclo natural no futebol».

A terminar, admitindo não ser o melhor momento para prestar esclarecimentos, uma certeza: «Confiança nos novos investidores e num caminho de sucesso novamente construído».

Adeptos querem voltar a ser felizes no Campo do Reguengo @Manuel Morais / Kapta+

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