Resolução para cessar-fogo? "Este deve ser um ponto de viragem"

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"Saudamos a sua unidade no apelo a um cessar-fogo imediato. (...) Este deve ser um ponto de viragem. Isto deve salvar vidas no terreno. Este deve ser o sinal para o fim deste ataque de atrocidades contra o nosso povo", declarou o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, no Conselho de Segurança.

Também o representante diplomático da Argélia, atual membro do Conselho de Segurança da ONU pelo bloco árabe e um dos países patrocinadores da resolução hoje aprovada, saudou a aprovação do texto e alertou que "o banho de sangue dura há demasiado tempo".

"Finalmente, o Conselho de Segurança está a assumir a sua responsabilidade", acrescentou Amar Bendjama.

Por outro lado, o embaixador israelita junto à ONU, Gilad Erdan, considerou a resolução "vergonhosa" e afirmou que "mina os esforços para garantir a libertação" dos reféns ainda mantidos em cativeiro pelo grupo islamita palestiniano Hamas, uma vez que não condiciona o cessar-fogo à libertação dos raptados.

"É prejudicial para estes esforços porque dá aos terroristas do Hamas esperança de conseguir um cessar-fogo sem libertar os reféns. Todos os membros do Conselho deveriam ter votado contra esta resolução vergonhosa", defendeu.

Erdan considerou ainda que a resolução hoje aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, que pela primeira vez em quase seis meses reuniu consenso em prol de um cessar-fogo em Gaza, transmite a ideia de que "o sangue de Israel é barato".

"Isto é uma farsa e estou enojado", disse o embaixador israelita no final da sua intervenção, na qual enviou uma mensagem indireta aos Estados Unidos, aliado de longa data de Telavive e o único país a abster-se na votação.

"Todos os membros do Conselho deveriam ter votado contra esta vergonhosa resolução", frisou.

O Governo israelita já reagiu contra Washington por não ter vetado esta resolução, e cancelou a viagem que uma delegação israelita de alto nível iria fazer à capital federal norte-americana.

"Hoje, os Estados Unidos não vetaram o novo texto que apela a um cessar-fogo sem a condição de libertação dos reféns. Isto é um claro retrocesso em relação à sua posição constante no Conselho de Segurança desde o início da guerra", lamentou o Governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou hoje uma resolução proposta pelos 10 Estados-membros eleitos e não-permanentes do órgão que exige um cessar-fogo imediato em Gaza durante o Ramadão, o mês sagrado para os muçulmanos.

O texto recebeu 14 votos a favor e uma abstenção dos Estados Unidos da América, que justificou o seu voto com o facto de o pedido de Washington para adicionar uma condenação ao grupo islamita Hamas ter sido negado.

Após mais cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, esta é a primeira vez que o Conselho de Segurança consegue aprovar uma resolução relativamente a um cessar-fogo no enclave palestiniano, após vários projetos terem sido consecutivamente vetados.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 32 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.

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