Os autores sublinham que existem poucos estudos que examinaram os efeitos da exposição à poluição do ar na infância e mais tarde verificaram a saúde respiratória do adulto, daí a importância deste trabalho.
Para este estudo foram recolhidos dados que remontam a 1992. Os especialistas começaram a investigar os efeitos da poluição do ar em grupos de crianças na Califórnia e seguiram o rasto de algumas, agora na faixa dos 40 anos.
A equipa de Erika Garcia da University of Southern California decidiu verificar como essas pessoas tinham progredido em termos de saúde pulmonar.
Perante o contacto dos investigadores, mais de 1.308 pessoas responderam e preencheram questionários detalhados sobre o seu quotidiano. Desde as capacidades económicas ao estilo de vida, incluindo o tabagismo, residência e saúde em geral.
Essas informações foram comparadas com os dados de saúde registados durante a infância dessas 1308 pessoas e a poluição do ar local a que estiveram expostas ao longo do crescimento.
Vulnerabilidade ao longo da vida
As principais conclusões apontam para uma clara relação entre a exposição precoce ao ar poluído e a possibilidade de desencadear doenças pulmonares, como tosse, bronquite ou asma.
A presença no ar de poluição, dióxido de nitrogênio ou dióxido de azoto desencadeou problemas de asma e outras doenças pulmonares quando crianças, o que significa que essas pessoas passaram a sofrer de uma vulnerabilidade que os acompanhou na idade adulta.
Os investigadores também identificaram uma relação entre a poluição do ar na infância e os sintomas brônquicos na idade adulta em pessoas que não tiveram problemas pulmonares quando crianças.
Desta forma, o estudo sugere que os danos da poluição do ar na infância podem manifestar-se apenas em adulto.
“Isso foi surpreendente. Achávamos que os efeitos dos poluentes atmosféricos na asma infantil ou nos sintomas brônquicos seriam um caminho importante pelo qual a exposição à poluição atmosférica infantil afeta a saúde respiratória adulta”, explica Garcia, citada na publicação britânica The Guardian.
“Queríamos ver se a exposição na infância ainda estava associada aos sintomas brônquicos em adultos, mesmo após controlar a exposição atual, e estava”, sublinha. A investigadora, realça ainda a importância para o estudo, ao distinguir e analisar “os efeitos duradouros da exposição durante a infância e os impactos do ar respirado na idade adulta”.
Capacidade pulmonar menor
A poluição do ar alterou-se bastante desde 1950, sobretudos nas cidades. Já depois de 1990, diversos estudos britânicos e suecos advertem que no século XXI a poluição do ar reduz o crescimento pulmonar das crianças. O que significa que os pulmões continuaram a ser menores quando adultos, sendo por isso um “legado de saúde ao longo da vida”.
Perante as conclusões, Garcia deixa um alerta: “Isso ressalta a importância de reduzir a exposição à poluição do ar para todos, incluindo crianças que estão em um período de maior vulnerabilidade aos efeitos da poluição do ar”.