Riscos de mercado, de crédito e operacionais ameaçam 2024, segundo CMVM

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No Risk Outlook 2024 a CMVM aponta os riscos mais significativos que se perspetivam para os mercados financeiros, durante o próximo ano, num contexto marcado pela incerteza resultante do aumento das tensões geopolíticas, pela desaceleração da atividade económica e pela perspetiva de manutenção das taxas de juro em níveis mais elevados, por mais tempo.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) publicou hoje o Risk Outlook para o ano de 2024. Uma das conclusões que salta à vista no documento é que ao contrário do Risk Outlook de 2023 onde o risco de mercado era classificado como “muito elevado”, no Outlook de 2024 esse risco é “elevado”.

Não há nenhum risco classificado como muito elevado no Outlook de 2024.

No documento da CMVM são analisados os riscos mais significativos que se perspetivam para os mercados financeiros, durante o próximo ano, num contexto marcado pela incerteza resultante do aumento das tensões geopolíticas, pela desaceleração da atividade económica e pela perspetiva de manutenção das taxas de juro em níveis mais elevados, por mais tempo do que o anteriormente previsto (higher-for-longer).

A análise dá conta dos riscos considerados para o ano de 2024 e sua respetiva graduação. Assim, o risco de mercado é considerado elevado com perspetiva ascendente, pela possibilidade de o  contexto económico e geopolítico poder levar à correção dos preços nos mercados financeiros.

Já o risco de liquidez é tido como médio, com perspetiva ascendente. Melhorou face a 2023 altura em que era “elevado”.

O abrandamento na procura de ativos financeiros e/ou o possível aumento do resgate de produtos financeiros, são os principais fatores de risco, caso exista necessidade de obtenção de liquidez por parte dos investidores, designadamente para fazer face a necessidades de consumo, investimento ou de amortização de dívida.

O risco de crédito em 2024 é classificado como elevado, com perspectiva ascendente. Tudo porque o aumento dos custos de financiamento e a degradação da situação macroeconómica são fatores que poderão levar à materialização deste risco, tanto nas empresas como nos particulares.

Por sua vez o risco de conduta perspectiva-se como médio com tendência semi-ascendente, “tendo em conta duas vertentes selecionadas para análise nesta edição do Risk Outlook: a primeira relacionada com a Sustentabilidade, e a segunda com os riscos para os investidores, decorrentes dos investimentos em criptoativos”, revela a CMVM.

O risco de greenwashing e de competence greenwashing em entidades financeiras, é um dos fatores relevantes na primeira vertente. Na segunda vertente, a CMVM destaca o impacto que a volatilidade dos criptoativos poderá ter, designadamente nos investidores de retalho.

A CMVM destaca que o risco operacional, considerado elevado com perspectiva semi-ascendente, resulta, essencialmente, do possível aumento de ataques cibernéticos, incluindo no sistema financeiro, potenciados pelas tensões geopolíticas. “Estes eventos, não sendo exclusivos no sistema financeiro, são, porém, suscetíveis de afetar gravemente a reputação dos respetivos operadores e gerar danos patrimoniais significativos para clientes e investidores”, revela o regulador.

O Risk Outlook destaca também alguns mitigantes que podem evitar a materialização destes riscos ou, pelo menos, atenuar o seu impacto.

Por outro lado, a CMVM destaca o impacto do aumento das taxas de juro na dívida detida pelos fundos de investimento mobiliário (FIM) e pela gestão individual de carteiras (GIC) a nível nacional, avaliando-se o seu efeito na valorização das respetivas carteiras.

“Os resultados desta análise – como esperado – sugerem perdas limitadas num cenário adverso de variação das taxas de juro, sendo que essas perdas potenciais tenderiam a ser superiores na GIC por comparação com os FIM”, diz a CMVM que assinala ainda a existência de alguma dispersão dos resultados entre os vários FIM e entidades responsáveis pela GIC.

Segundo o Risk Outlook, os 15 maiores fundos de investimento com exposição a obrigações em Portugal podem registar perdas de até mais de 2% da carteira em cenário adverso.

“Entre os quinze FIM com maior investimento em obrigações denominadas em euros e dólares, as perdas potenciais num cenário adverso oscilam entre 0,15% e 2,13% do valor total dessas obrigações. É de assinalar que entre estes FIM, quatro apresentam perdas potenciais superiores a 1,5%. Em média, as perdas para este setor situam-se em 1,2% do valor gerido da dívida denominada em euros e dólares”, lê-se no relatório.

Já entre as entidades responsáveis pela gestão individual de carteiras, seis registam perdas potenciais superiores a 1,5% sendo que para três delas essas perdas são superiores a 2%. Em termos agregados, as perdas potenciais totalizam 2%.

“Estes resultados estão em conformidade com os apresentados anteriormente para a duração modificada, os quais apontavam maior risco de taxa de juro na GIC por comparação com os FIM”, constata a CMVM.

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