Rúben Sousa, a voz do orgulho em ser do Carvalhos: «É a minha terra, sou feliz aqui»

7 meses atrás 87

A época tem sido dura para o Carvalhos. 16 vitórias nas primeiras 16 jornadas deixariam qualquer clube de rastos e sem grandes perspetivas de futuro. O emblema do concelho de Vila Nova de Gaia subiu na época passada ao principal escalão, chocando de frente com uma realidade bem distinta. Muitos dos jogadores responsáveis pela subida de divisão foram-se embora no verão e chegaram jovens com qualidade, mas sem a experiência necessária para competir no melhor campeonato do Mundo.

Foram goleadas atrás de goleadas a abrir o campeonato, mas a chegada do novo treinador Ricardo Geitoeira coincidiu com a melhoria dos resultados. Este domingo, o Carvalhos conseguiu o primeiro ponto no campeonato e logo em casa do poderoso OC Barcelos. Venciam por 8-7 a 17 segundos do fim, altura em que Alvarinho fez o empate.

Rúben Sousa é o nome mais sonante desta equipa do Carvalhos e a voz de um clube que se mantém unido apesar das adversidades. Ajuda também o facto de ser um filho da casa e de jogar no clube do coração. A sua avó, por exemplo, trabalhava num café por cima do rinque. "É um clube que me diz muito", diz Rúben ao nosso jornal, autor de cinco golos no empate frente ao OC Barcelos.

Rúben Sousa em jogo frente ao Sporting

Rúben Sousa em jogo frente ao Sporting

Vem de uma família de hoquistas. Reinaldo Ventura, lenda do FC Porto e atualmente treinador da Sanjoanense, é seu primo, assim como Carlos Filipe e Rui Vidal, também ex-jogadores. Tiago Sousa, o irmão mais velho, também representou o Carvalhos.

"Para nós foi como se fosse uma vitória. Tem sido uma época difícil. É uma equipa muito jovem e tem sido uma aprendizagem para mim porque sou o jogador mais velho", explica o defesa, de 31 anos. "No final do jogo, no balneário, o Ricardo fez-nos perceber que tínhamos motivos para ficar orgulhosos. Ficámos contentes, mas claro que queríamos a vitória. Ainda assim, o empate é bom para o clube", lembra.

Rúben Sousa aceitou o desafio de voltar a casa, depois de várias épocas com a mochila às costas e de alguns dissabores com o hóquei. Andou pelos Açores ao serviço da Candelária, rumando depois a HC Braga, OC Barcelos, Sp. Tomar e Juv. Viana. Na época passada viveu uma época muito difícil em Viana do Castelo devido ao drama dos salários em atraso. "Aqui nunca me falharam um dia!", sublinha o jogador, feliz pela decisão em voltar a vestir de azul. "Precisava de descansar. Sou feliz aqui, é a minha terra."

Ricardo Geitoeira assumiu a equipa à 5º jornada, sucedendo a Vítor Pereira

Ricardo Geitoeira assumiu a equipa à 5º jornada, sucedendo a Vítor Pereira

O bombardeiro de serviço

Equipa amadora, os treinos de Carvalhos podem acabar já depois das 23h. Ainda assim, o clube tenta dar todas as condições para que nada falta aos seus atletas.

"Treinamos às 20h, segunda e terça-feira temos ginásio, quarta e quinta-feira temos vídeo. Chegamos às 20h e saímos do pavilhão às 23h30. Não temos o potencial económico de outras equipas, mas treinamos como elas. Sabíamos que ia ser difícil, mas não nos falta nada."

Apesar dos resultados, o Carvalhos impressiona também pela enorme onda de apoio vinda da bancada, típica de uma pequena localidade de espírito bairrista. "Orgulha-me entrar no pavilhão e ver os meus amigos de infância. O que me impressiona mais é que, apesar das derrotas, parece que ganhamos todos os jogos porque eles sabem as dificuldades que íamos ter desde início. Só assim o clube sobrevive, com a vontade das pessoas em ajudar."

Defesa do Carvalhos é o melhor marcador da equipa

Defesa do Carvalhos é o melhor marcador da equipa

Habituado a jogar na 1ª Divisão e vencedor de uma WSE Europe Cup ao serviço da OC Barcelos, Rúben Sousa prepara-se para bater o seu recorde de golos numa época. Soma 26 remates certeiros, muitos deles de livre direto devido à precisão na marca de penáltis e livres diretos.

"Sabe sempre a pouco porque o objetivo não era fazer 30 golos, o objetivo era criar uma base sólida para competir com os tubarões", diz Rúben que tem bem ciente a realidade da descida. "Não há como fugir disso, mas vamos querer voltar!"

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