Rui Tavares: “Temos uma crise política com elementos de crise de regime”

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“Estamos numa situação de grande incerteza. Tivemos eleições para clarificar uma crise política e essas eleições não clarificaram essa crise política”, afirmou o líder e fundador do Livre em conferência de imprensa no Palácio de Belém.

Rui Tavares afirmou esta quarta-feira, à saída da audiência pós-eleições com o Presidente da República, que reconhece “elementos de crise de regime” no atual quadro político, denunciando o crescimento de um “discurso de divisão e de ódio” na sociedade.

“Estamos numa situação de grande incerteza. Tivemos eleições para clarificar uma crise política e essas eleições não clarificaram essa crise política”, afirmou o líder e fundador do Livre em conferência de imprensa no Palácio de Belém.

Numa clara alusão ao crescimento da extrema-direita em Portugal, como os resultados eleitorais de 10 de março vieram atestar, o líder e fundador do Livre denunciou a “desonestidade” e “mentira” presentes no discurso “de um populismo autoritário”.

“Temos uma crise política com elementos de crise de regime. A crise não só não foi clarificada, como um dos elementos de crise de regime se agravou com o crescimento de um populismo autoritário, com um discurso eficaz mas desonesto, de mentira, de divisão e ódio”, continuou Tavares.

“Um discurso que pretende envergonhar os portugueses por aquilo que conquistámos durante 50 anos de 25 de abril”, acrescentou.

Nas palavras de Rui Tavares, por oposição ao discurso que denunciou, o Livre “acredita que existe uma maneira que não é menos eficaz, que também mobiliza os eleitores e que faz crescer, não só em votos, mas também em maturidade a democracia”.

“Um discurso que seja de verdade, de pedagogia democrática, que contrarie a demagogia com civismo e que seja de futuro, de coisas praticas que melhoram a vida das pessoas. Acreditamos que esse é o discurso que pode retirar Portugal do abismo que representaria dilacerarmos a nossa sociedade com um discurso que seria de divisão e de ódio”, continuou.

Sobre a audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, que começou a receber os partidos que garantiram mandatos na próxima legislatura, Rui Tavares recordou que a reunião ocorreu sem que todos os votos estejam contados e os mandatos atribuídos.

“Os votos das nossas comunidades na Europa e fora da Europa ainda têm um peso que, não só matematicamente, mas com hipótese bem realista, podem alterar o resultado final eleitoral”, explicou, defendendo ser justificável o agendamento de novas audiências após serem conhecidos os resultados finais, no dia 25 de março.

“Do lado do Livre, dissemos que, por uma questão de respeito aos votos dos nosso concidadãos portugueses lá fora, justifica-se que venhamos a ter outras audiências, essas sim as constitucionais para indigitação de primeiro-ministro”.

Sobre a importância do respeito pelos processos que se seguem ao ato eleitoral, a posição defendida por Tavares a Marcelo Rebelo de Sousa é a da “procura do bloco político mais amplo e mais coeso na Assembleia da República”. “Para o procurar há um critério que é objetivo: a política de alianças que foi anunciada oficialmente por todos os partidos, que ninguém impôs”.

“Cada partido disse o que entendeu durante a campanha eleitoral, acerca de que alianças para apoio governativo estava disposto a fazer”, recordou.

Interpelando os dirigentes da Aliança Democrática, e recordando a posição “não é não” de Luís Montenegro, o historiador levantou três cenários para o panorama político, um dos quais o tempo – e os líderes partidários – se encarregarão de anunciar ao país.

“Um campo da esquerda e da ecologia, que neste momento tem mais votos e mais mandatos, um campo representado pela Aliança Democrática e pela IL, ou seja, PSD, CDS e IL, e um campo representado pelo Chega”, listou.

“É muito importante a clarificação a uma pergunta que nos fizemos repetidamente durante a campanha em relação a um cenário eleitoral que não era recôndito. O que fará a AD e a IL se houver um campo parlamentar da esquerda, que tenha mandatos parlamentares mais numerosos, que tenha mais votos e que forme Governo? Acompanhará o PSD, o CDS e a IL uma moção de rejeição do Chega?”, questionou.

À direita portuguesa, pediu uma clarificação, levantando questões “identitárias”, sobre a posição face ao Chega em cenário de governação. “Para clarificarmos de uma vez por todas algo que é nefasto na nossa vida política que é perceber se a direita tradicional e democrática tradicional afinal não conta politicamente com o Chega e diz “não é não”, mas depois conta aritmeticamente com o Chega”, desafiou.

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