Salgado? "Uma pessoa nestas condições não tem direito a processo justo"

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Francisco Proença de Carvalho, advogado do antigo líder do Grupo Espirito Santo (GES), Ricardo Salgado, falou aos jornalistas após uma breve audição no Tribunal Criminal Central de Lisboa, onde passaram cerca de 5 minutos.

"A doença de Alzheimer não é uma brincadeira. O meu cliente muitas vezes não sabe o dia em que está, onde está, perde-se em casa, não sabe o nome de familiares próximos", começou por explicar aos jornalistas o advogado, afirmando que Salgado "não pode, obviamente, esclarecer com o mínimo de consistência o que quer que seja num processo com esta complexidade".

O antigo presidente do GES compareceu, esta sexta-feira, no Juízo Criminal Central de Lisboa para prestar declarações no caso EDP, mas a audição demorou pouco mais de 5 minutos. Salgado foi diagnosticado, previamente, com Alzheimer, mas uma perícia tinha-o considerado apto para dar declarações.

"Uma pessoa nestas condições não tem direito a um processo justo e equitativo, porque não se pode autodefender e explicar os seus factos e as suas razões. Não que não quisesse, é que está impedida por uma questão médica grave", continuou o advogado, afirmando que "não é preciso perícia, ser advogado ou jornalista para chegar à conclusão do óbvio, basta ir ao Google".

Sobre o porquê de a defesa de Salgado ter insistido em entrar pela porta principal do tribunal, Proença de Carvalho argumentou: "Às vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras. Uma vez que a imagem do meu cliente foi tão devassada ao longo destes 10 anos, seria bom que vissem. Não temos vergonha nenhuma do estado em que está. É um ser humano, como sempre foi, e muitas vezes tentaram colocá-lo a um nível que não era humano".

A defesa do banqueiro deixou ainda alertas ao Estado português que, "se se continuar a comportar de uma maneira quase indiferente", será "de certeza condenado por um tribunal para os direitos humanos".

Manuel Pinho encontrou Salgado "envelhecido"

À saída do tribunal, o antigo ministro da Economia Manuel Pinho foi interpelado pelos jornalistas, mas não teceu comentários ao caso em que é arguido. Sobre como encontrou Ricardo Salgado, cingiu-se a comentar que este "estava envelhecido, naturalmente".

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