“Se eles querem negociar, deixem-nos negociar”: Putin abriu a porta ao fim da guerra, mas não aceita “recuar um único metro”

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Na última terça-feira, o Presidente da Rússia discursou perante os seus generais e garantiu que a ofensiva na Ucrânia estava a correr de feição. “Fazemos o que queremos” em território ucraniano, afirmou Vladimir Putin, antes de sublinhar que o país “não vai desistir” do que é seu. Depois, acrescentou: “Se eles querem negociar, deixem-nos negociar”.

O discurso foi recuperado pelo “New York Times” este sábado, num artigo em que se garante que, desde setembro, Putin tem sinalizado – através de canais diplomáticos informais – disponibilidade para parar a guerra que dura há mais de dois anos. O objetivo do líder do Kremlin será “congelar” o conflito nas suas atuais linhas da frente, apontaram dois ex-responsáveis russos próximos do Kremlin e ainda responsáveis ocidentais que terão recebido a mensagem de Putin.

Uma paragem da guerra nesta fase representaria uma mudança substancial do discurso oficial do Kremlin, que desde o início aponta à conquista de todo o território ucraniano.

Segundo o jornal norte-americano, esta não é a primeira vez que Putin fez diligências no sentido de travar o conflito: o mesmo terá acontecido no outono do ano passado, após uma contra-ofensiva ucraniana em Sumy e Chernihiv. Na altura, segundo fontes norte-americanas contactadas pelo jornal, Putin ter-se-á manifestado satisfeito com o território conquistado pela Rússia desde o início da guerra.

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SERGEI SUPINSKY

Baseando-se em dezenas de entrevistas com fontes conhecedoras dos bastidores do Kremlin, o “New York Times” aponta que Putin está a seguir uma estratégia improvisada para manter todas as suas opções em aberto – sobretudo após ter sido surpreendido com o nível da resistência ucraniana.

Assim, o Kremlin estará pronto para declarar vitória, anexar o território que ocupa atualmente, e parar as hostilidades. “Eles disseram-nos que estavam prontos para negociar um cessar-fogo”, afirmou ao diário um responsável diplomático internacional que se reuniu com dirigentes russos há poucos meses. “Eles querem ficar onde estão no campo de batalha”, acrescentou.

Outra fonte é ainda mais específica: “Ele não está disponível para recuar um único metro”, afirmou. Em resposta escrita ao “New York Times”, o porta-voz do Kremlin classificou a tese de paz num futuro próximo como “conceptualmente incorreta”. No entanto, Dimitri Peskov também afirmou o seguinte: “Putin está, de facto, preparado para negociar, e ele já disse isso. A Rússia continua pronta para negociar, mas apenas para atingir os seus objetivos.”

Na terça-feira, o mesmo dia do discurso de Putin aos seus generais, o Presidente da Ucrânia contestou a ideia de que a Rússia estará pronta a pousar as armas. “As forças invasoras continuam com uma vontade descarada de matar”, lamentou Volodymyr Zelensky, que continua a insistir no plano de paz ucraniano: a retirada completa das forças russas de todo o território capturado até agora e o pagamento de indemnizações pelos estragos causados.

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