Segurança no Mar Vermelho. EUA e Reino Unido a um passo de atacar Houthis no Iémen

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Foram chamados igualmente o líder da Câmara dos Comuns, Sir Lindsay Hoyle, o líder do Partido Trabalhista, Sir Keir Starmer e o ministro da Defesa do governo-sombra do Reino Unido, John Healey.

De acordo com a BBC, o primeiro-ministro Rishi Sunak estará a apresentar ao seu governo planos de um envolvimento militar britânico, ao lado dos EUA, contra as milícias rebeldes xiitas, responsáveis desde novembro por diversos ataques contra navios comerciais que naveguem perto das costas do Iémen.

O jornal Times desenvolve a mesma tese, adiantando que o Reino Unido e os Estados Unidos poderão realizar nas próximas horas bombardeamentos aéreos de posições militares dos Houthis no Iémen.

Ao sair da reunião, que decorre em Whitehall, Sir Lindsay Hoyle escusou-se a comentar o teor das conversações.

Apesar do executivo britânico ter a prerrogativa de decidir iniciar de imediato qualquer resposta militar que entenda ser necessária, sem necessitar de consultar o Parlamento, é habitual que o faça, lembram analistas.

O Pentágono declinou por seu lado comentar a possibilidade de estarem a ser preparados ataques para breve.

Aos jornalistas, já esta noite, o porta-voz, brigadeiro-general Pat Ryder, recusou "telegrafar, projetar ou especular sobre quaisquer potenciais operações futuras".

"Penso que o que tem sido dito por múltiplas nações quanto ao facto de que heverá consequências - se os ataques não pararem, fala por si. E não digo mais nada", precisou.


A possibilidade de ataque tem de ser extremamente ponderada por parte de Londres, de Washington e dos seus aliados.
Qualquer ação pode metastizar o conflito israelo-palestiniano no Médio Oriente.

Deixar sem resposta os ataques que ameaçam o comércio mundial pode fazer o Ocidente parecer fraco, sobretudo após os múltiplos avisos que tem feito.

Por outro lado, uma operação militar, mesmo direcionada, poderá fazer explodir a rua de países árabes e muçulmanos, se for entendida como uma intervenção a favor de Israel no conflito com o Hamas.

A probabilidade de mortos devido aos ataques é igualmente elevada, levando à criação de um novo grupo de "mártires". 

Houthis desafiadores

A reunião em Londres acontece horas depois do porta-voz norte-americano para a segurança, John Kirby, ter avisado que os Estados Unidos irão agir contra os ataques contínuos perpetrados pelo grupo xiita, que goza do apoio do Irão.


Em Washington, Kirby avisou que haverá "consequências" para os Houthi se não suspenderem os seus ataques.

A resposta dos rebeldes foi desafiadora. O seu principal líder, Abdelmalek al-Huti, avisou já esta quinta-feira que qualquer agressão dos EUA contra o movimento xiita "nunca ficará sem resposta".

"Enfrentaremos a agressão americana. Qualquer agressão americana nunca ficará sem resposta", disse o líder Houthi num discurso televisionado.

Al-Huti ameaçou que o seu grupo aumentará a atividade no Mar Vermelho, ao mesmo tempo que explicou que os ataques que tem lançado desde 19 de novembro contra navios comerciais estão a ser "muito eficazes e impactantes".

O líder dos Houthis garantiu que estas ações -- que assumiu serem de apoio ao grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza - "provocaram duros golpes na economia do inimigo sionista (Israel) e estenderam os seus efeitos àqueles que o apoiam abertamente", numa referência aos Estados Unidos e ao Reino Unido.

"Não importa quantos mártires iremos sacrificar, isso não afetará a nossa posição. Não enfraquecerá a nossa posição, não prejudicará a nossa determinação nem diminuirá o nosso compromisso e firmeza", assegurou Al-Huti.

27º ataque desde 19 de novembro

Há três semanas, o líder Houthi ameaçou atacar navios de guerra dos EUA se Washington atacar o Iémen.


Esta quinta-feira, os Houthis dispararam um míssil anti-balístico contra os canais de navegação do Golfo de Aden, sem causar estragos nem vítimas, relataram as forças militares norte-americanas.

O míssil foi visto a cair na água junto a um cargueiro, referiu o Comando Central dos EUA em comunicado, acrescentando que este foi o 27º ataque pela milícia iemenita contra o comércio marítimo desde 19 de novembro.

De acordo com um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro Sunak, este falou ao telefone com o presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi esta tarde, sobre a ameaça crescente apresentada pelos Houthi ao comércio internacional, "no Mar Vermelho" e "no Canal de Suez".

"O primeiro-ministro afirmou que o Reino Unido irá prosseguir com as suas ações defensivas para defender a liberdade de navegação e proteger vidas no mar", referiu o comunicado de Downing Street.

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