"Sempre juntos" nos fogos: Marcelo promete união com Governo e Montenegro dorme melhor se "estiver a combater o crime"

3 horas atrás 18

Várias paragens, alguns voos, uma só mensagem: o Presidente está ao lado do Governo no que diz respeito a fogos. “Em matéria de fogos, estivemos sempre juntos e vamos estar sempre juntos”, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que esta segunda-feira andou de helicóptero com o primeiro-ministro a visitar as áreas ardidas nos incêndios de há duas semanas.

Esta foi a terceira vez que Marcelo apareceu ao lado de Montenegro por causa destes fogos: a primeira foi a 16 de setembro, numa visita ao comando nacional de Proteção Civil, a segunda foi no Conselho de Ministros que, no dia seguinte, começou a aprovar apoios para as populações das áreas ardidas e no fim do qual o primeiro-ministro falou de “interesses que sobrevoam” os incêndios florestais. Apesar de vários especialistas na investigação de incêndios terem desmontado ao Expresso a tese de grandes incêndios provocados por interesses económicos, Montenegro voltou ao assunto.

O primeiro-ministro insistiu na ideia que há “interesses que sobrevoam” os incêndios, mas alegou que nunca disse que sabia quais eram, mas sim que que era preciso haver investigação. Nesta visita às zonas afetadas, Luís Montenegro respondeu aos jornalistas que disse que “era muito estranho” haver 125 ignições numa noite e que “na mesma unidade territorial haver cinco focos ”sem haver explicação plausível para isso".

Questionado de novo sobre a expressão que usou na comunicação ao país que fez nos dias dos fogos, Montenegro reforçou: “O Governo e o país têm a obrigação moral de saber tudo o que está por detrás disto. Vou fazer, como primeiro-ministro, um esforço grande para que haja investigação. A mim tranquiliza-me o espírito e alma, durmo mais descansado, se o meu Governo estiver a combater o crime.

Antes, tinha respondido a críticas de alguns autarcas que se queixam de falta de meios prometendo fazer uma “avaliação rigorosa, profunda sobre o que foi o combate, o sistema de emergência e proteção civil e a sua gestão”. E acrescentou que “é preciso uma palava de respeito por essa luta” de quem está no terreno e que com vários focos ao mesmo tempo foi preciso tomar decisões e essas passaram, em primeiro lugar, por “defender as pessoas e o património”. “Falem com realismo e não atirem atoardas para o ar”, insistiu.

Em Sever do Vouga, onde terminou o périplo, Luís Montenegro fez um filme dos acontecimentos dizendo que o Governo e as instituições “anteciparam aquilo que podia acontecer” uma vez que “os alertas foram sempre subindo de nível”. Mas também foi dizendo que dizendo que o Governo está consciente que “é preciso ser rápido e é preciso simplificar”.

No seu discurso, o Presidente disse que, depois de 2017, houve muita coisa que “foi bem feita, assim como muita coisa que não deu o resultado que se esperava”. Nomeadamente, que agora é possível uma equipa de resposta rápida, como a constituída pelo Governo com o ministro Adjunto, Castro Almeida a coordenar, que na altura não era possível porque, por exemplo, até as indemnizações às vítimas estavam por tratar.

Governo promete rapidez nos apoios

O primeiro-ministro prometeu "celeridade e simplificação" nos apoios, assegurando que se houver algum atraso no desbloqueamento dos 500 milhões de euros negociados com a Comissão Europeia, esse dinheiro será suportado pelo Orçamento do Estado. “Nesta área não vamos olhar a contas de deve e haver ao dia”, afirmou Luís Montenegro, durante um encontro com os 69 presidentes de câmara dos concelhos afetados pelos incêndios nos últimos dias que ocorreu em Sever do Vouga, no distrito de Aveiro.

No seu discurso, Montenegro lembrou que o Governo já adiantou na semana passada 100 mil milhões de euros do Orçamento do Estado para “não estarmos a desculpar com alguma demora no diálogo com as instituições europeias” “Estou em crer que vamos ser ágeis e eles também e há interesse de ambos os lados para que o financiamento seja desbloqueado e nós possamos fazê-lo chegar onde é preciso. Mas se isso não acontecer o Orçamento do Estado suportará essa verba”, assegurou.

O primeiro-ministro prometeu ainda fazer uma “avaliação rigorosa e criteriosa” do que aconteceu em termos operacionais no combate aos incêndios que fustigaram a região norte e centro do país há duas semanas, detetando falhas “sem nenhum prurido”. Lembrou que “no pico” dos incêndios havia tantas frentes que “não haveria dispositivo nenhum que desse resposta total”, mas vincou que isso “não desculpa eventuais erros que tenham acontecido de decisão ou de coordenação”.

O governante assegurou ainda que o Governo "não irá regatear esforços" a investigar as causas do incêndio sejam elas de natureza mais naturais, ou fruto de negligência ou de comportamento culposo.

“Vamos investigar tudo. O país merece. É um dever moral dos poderes públicos levar essas investigações ao limite do que é possível”, vincou.

Durante o encontro, que contou com a presença do Presidente da República, Montenegro explicou ainda algumas das medidas incluídas no plano de intervenção imediata para apoiar as famílias e as empresas, como o financiamento a 100% pelo Estado das obras de reabilitação e reconstrução até aos 150 mil euros, para as casas de primeira habitação, e 85% a parte sobrante.

À saída do auditório onde decorreu o encontro, questionado pelos jornalistas, quanto ao que as pessoas que perderam a sua casa têm de fazer, Montenegro referiu que o “procedimento é simples”, adiantando que basta "falar com a Câmara Municipal e agilizar". “Está tudo programado para ser rápido”, afirmou, sem avançar com mais pormenores.

Montenegro disse ainda ter ficado impressionado com “tanto património perdido”, adiantando, por outro lado, ter visto “tanta resistência e força de vontade nas populações”, concluindo que é preciso ter esperança no futuro”.

Ler artigo completo