Sindicato dos Jornalistas faz balanço da reunião com o Governo sobre prioridades para os media

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Pedro Duarte disse que a questão da compra das ações da Lusa detidas pelo GMG “é uma prioridade absoluta”, alertando que o Estado “não pode pagar mais do que o preço justo.”

A Direção do Sindicato dos Jornalistas e o ministro dos Assuntos Parlamentares acordaram, esta terça-feira, o estabelecimento de uma via de comunicação mais direta com vista à manutenção do diálogo para o futuro da profissão.

No encontro, o ministro Pedro Duarte mostrou preocupação com os atrasos nos pagamentos no Global Media Group e disse estar atento à situação.

A compra das ações da Lusa sinaliza, também, o compromisso do Governo com o serviço público de jornalismo, prestado pela RTP/Antena 1 e pela única agência portuguesa de notícias.

Pedro Duarte disse que a questão da compra das ações da Lusa detidas pelo GMG “é uma prioridade absoluta”, alertando que o Estado “não pode pagar mais do que o preço justo.”

Na audiência, pedida a propósito dos atrasos nos pagamentos aos trabalhadores a recibos verdes do Global Media Group (GMG), o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, disse ao Sindicato dos Jornalistas que “está a olhar para o assunto com muita preocupação” e que o Governo “espera que a empresa assuma as responsabilidades”.

Além de não ter pago o mês de abril aos jornalistas a recibos verdes, o GMG tem ainda em atraso o pagamento do Subsídio de Natal a todos os trabalhadores com contrato sem termo. O  SJ expressou ao ministro a preocupação com este atraso, mas também com a falta de comunicação por parte do GMG, e informou a tutela que avançará para tribunal se a empresa não regularizar a situação ou se não der um sinal firme de que pretende apresentar uma proposta ou uma solução credível e exequível, após as várias promessas não cumpridas.

O ministro dos Assuntos Parlamentares disse entender a posição do SJ e alertou para as responsabilidades que a empresa deve cumprir.

Pedro Duarte reiterou a ideia deixada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na celebração dos 136 anos do “Jornal de Notícias”, de que todo o jornalismo é Serviço Público e que esse trabalho prestado à sociedade tem de ser reconhecido.

“Temos uma visão para a Comunicação Social em que o Estado tem de ter uma intervenção, não ao nível de controlo ou pressão, naturalmente, mas da sustentabilidade”, disse Pedro Duarte.

Os riscos para a democracia e a nossa vivência em sociedade são muito grandes, se a comunicação ficar entregue a órgãos não jornalísticos ou redes sociais que não cumprem as regras da ética e da deontologia. “O jornalismo sempre foi importante, muito mais nesta fase”, afirmou o governante.

Pedro Duarte reconhece que “o setor está a passar por uma crise complexa, que não é facilmente reversível, porque é estrutural”, em função da quebra das receitas provocada pelas redes sociais e a massificação da internet.

O retrato das dificuldades é partilhado pelo SJ, que acordou com a tutela a abertura de uma via de comunicação para a discussão dos problemas atuais e para pensar o futuro.

O SJ, que esteve representado pelo presidente da direção, Luís Filipe Simões, por um dos “vices”, Augusto Correia, e por Elisabete Rodrigues, vogal em nome da Imprensa regional, comunicou ao ministro que está a preparar um documento, que será divulgado muito em breve, com propostas para apresentar ao Governo, aos partidos e à sociedade.

A questão do mecenato, anteriormente abordada pelo primeiro-ministro no aniversário do JN, é vista por ambas as partes como uma via que vale a pena explorar.

Foi também discutido o alargamento do porte pago, nos montantes e nos destinatários, além de medidas que dignifiquem a profissão, melhores salários e soluções que permitam ter empresas mais saudáveis.

O Governo refere que está a trabalhar numa visão para o futuro da Comunicação Social, que incluirá, necessariamente, a participação do SJ, em representação dos jornalistas, mas também da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Tutela e Sindicato concordam com a necessidade de atualizar a legislação do setor, nomeadamente a Lei da Imprensa e a Lei da Rádio, adequando estes documentos à nova realidade.

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