Sínodo pede que Igreja Católica crie ambientes mais seguros para menores

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O documento com as conclusões foi validado pelo Papa Francisco, que esta tarde ordenou a sua publicação imediata, revelando que não escreverá uma exortação apostólica com indicações a este respeito, como tem sido habitual.

O Sínodo - uma cimeira com bispos de todo o mundo e, por ordem do Papa, também com leigos e mulheres com direito de voto - chegou a acordo sobre este texto no qual é feita referência especial aos casos de abuso de menores e pessoas vulneráveis.

"A crise dos abusos, nas suas diversas e trágicas manifestações, causou um sofrimento indescritível e muitas vezes duradouro às vítimas e aos sobreviventes, bem como às suas comunidades, abusos espirituais, económicos, institucionais, de poder e de consciência por parte do clero ou de pessoas com deveres eclesiásticos", é referido no documento.

No texto é recomendada a "escuta" como "elemento fundamental" do "caminho da cura, do arrependimento, da justiça e da reconciliação".

"A Igreja deve reconhecer as suas próprias faltas, pedir humildemente perdão, cuidar das vítimas, dotar-se de instrumentos de prevenção e esforçar-se por reconstruir a confiança mútua no Senhor", é referido num dos pontos.

Numa outra secção, destaca-se que os debates têm incentivado "promover em todos os âmbitos eclesiais uma cultura de proteção para tornar as comunidades lugares cada vez mais seguros para menores e pessoas vulneráveis".

O Sínodo assume que o trabalho "já começou" para dotar a Igreja de regras e procedimentos legais que evitem abusos e possam responder a possíveis "comportamentos impróprios" e acrescenta que "é essencial que a Igreja ative e promova uma cultura de prevenção em todo o mundo".

Participaram no Sínodo 358 membros, incluindo 272 bispos e 53 mulheres, e vários pontos dedicados a casos de abuso no documento final refletem uma convergência importante, uma vez que apenas uma dúzia de participantes votaram contra a inclusão deste tópico, em comparação com cerca de 340 que o fizeram.

No final, o Papa revelou que não publicará uma exortação apostólica que inclua as ideias apoiadas pelo documento final, o que fez depois das assembleias dedicadas à família (2015) ou à Amazónia (2019).

"Neste tempo de guerras, devemos ser testemunhas de paz, aprendendo também a dar forma real à coexistência das diferenças. Por isso, não tenciono publicar uma exortação apostólica", disse o Papa Francisco.

No discurso proferido perante os 368 pais e mães sinodais na sala Paulo VI do Vaticano -- onde hoje foi votado o documento final com as propostas concretas para uma Igreja menos clerical e mais inclusiva - Francisco declarou que só se limitará à publicação deste relato do evento para conhecimento de todos.

No seu discurso, Francisco deixou claro que no documento final "já existem indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diferentes continentes, nos diferentes contextos" e que, por isso, ele quer colocá-lo "disponível para todos".

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