"​Situação alarmante". Bispos moçambicanos reunidos por causa da violência

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21 out, 2024 - 19:38 • Anabela Góis

Em declarações à Renascença, o arcebispo de Maputo, D. João Carlos Nunes, mostra-se muito preocupado com a evolução da situação no país, após o assassinato de dois apoiantes de um candidato presidencial e de confrontos em Maputo.

"A situação está a ganhar contornos alarmantes" em Moçambique, afirma D. João Carlos Nunes
"A situação está a ganhar contornos alarmantes" em Moçambique, afirma D. João Carlos Nunes

Os bispos moçambicanos reúnem-se esta segunda-feira à noite de urgência, por videoconferência, para tomarem uma posição conjunta sobre a situação em Maputo. A polícia recorreu a gás lacrimogéneo e tiros para o ar para dispersar uma manifestação convocada por Venâncio Mondlane, candidato da oposição à Presidência da República, na sequência do assassinato de dois apoiantes numa emboscada.

Em declarações à Renascença, o arcebispo de Maputo, D. João Carlos Nunes, mostra-se muito preocupado com a evolução da situação que, segundo diz, “está a ganhar contornos alarmantes”.

Se, por um lado, “a polícia usou força excessiva para impor a ordem, por outro, houve alguns oportunistas que aproveitaram para destruir bens públicos”.

A marcha, no centro de Maputo, pretendia repudiar o homicídio, na sexta-feira, de Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane.

Moçambique. Polícia lança gás lacrimogéneo para dispersar manifestação

No protesto desta segunda-feira, a situação descontrolou-se quando a polícia carregou sobre dezenas de pessoas, que responderam lançando pedras e artefactos pirotécnicos.

D. João Carlos, que também é vice-presidente da Conferência Episcopal Moçambicana, diz à Renascença que ainda esta segunda-feira à noite “os bispos vão reunir-se num encontro extraordinário, porque a situação assim o exige”.

Só depois de terem uma visão global do que se passou é que vão tomar uma posição, “para darem um contributo para ajudar a superar esta situação”.

O arcebispo diz que nos contactos que foi fazendo para convocar a reunião acabou por perceber que “houve distúrbios noutras dioceses, casos do Chimoio e Quelimane”.

Advogado de Venâncio Mondlane e mandatário do Podemos mortos a tiro em Maputo

Em entrevista à Renascença, D. João Carlos apela ao diálogo e diz que, se for caso disso, “a Igreja está disponível para mediar quaisquer diferendos”, embora considere que “ainda não é caso, ainda há espaço, porque o processo eleitoral não está concluído, mas é preciso diminuir a tensão e evitar que chegue a uma situação extremada em que não há possibilidade de diálogo”.

O arcebispo defende que é preciso “evitar respostas a partir da violência e da intimidação”, mas considera que “os que detêm a autoridade devem cuidar da forma como abordam estas iniciativas, porque uma palavra indevida ou uma palavra mal colocada pode gerar também mais tensão e mais ódio”.

As eleições gerais em Moçambique, que incluíram presidenciais, legislativas e para assembleias e governadores provinciais, foram no passado dia 9 de outubro. A Comissão Nacional de Eleições tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, ou seja, até dia 24.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane está a apelar aos moçambicanos para que participem em massa no funeral do seu assessor jurídico Elvino Dias, na próxima quarta-feira.

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