A pressão inerente à alta competição causa mossa em muitos futebolistas, mas poucos admitem publicamente sofrer com isso. Alguns desportistas já começam a falar das questões de saúde mental e Michail Antonio, ponta de lança do West Ham, reconheceu que passou por um mau bocado na época passada, onde até desejou lesionar-se de modo a poder parar.
O inglês naturalizado jamaicano passou por uma fase em que perdeu a paixão pelo jogo, além de se sentir extremamente cansado. Tudo isto com um divórcio pelo meio. "Estava a passar pelo meu divórcio e honestamente não me conseguia concentrar", contou o jogador no podcast 'High Performance'.
Nem a vitória na Liga Conferência, no final da época passada, o animou. Estava "mentalmente esgotado". "Depois de ganharmos toda a equipa saiu para se divertir, o treinador também foi, alguns jogadores não dormiram durante dois dias, andaram sempre bêbados... Eu adormeci no autocarro a caminho do hotel."
"Estava mentalmente esgotado por tudo o que estava a passar fora do futebol e quando voltámos ao hotel fui dormir, enquanto toda a gente festejava", acrescentou sobre a final em que os hammers bateram a Fiorentina, em Praga, por 2-1. "Só em dezembro, quando comecei a sentir-me melhor caiu-me a ficha. 'Meu Deus, ganhei uma competição europeia!'
Mas bem antes da final de Praga, realizada em julho de 2023, Michail Antonio já se sentia esgotado. Depois, contou um episódio ocorrido em dezembro de 2022. "Durante um jogo pensava para mim 'não estou a desfrutar disto'. Sentia-me em baixo e eu até sou uma pessoa positiva. Não marquei desde dezembro até março ou abril. Sentia-me a afundar. Depois fui para a seleção com a Jamaica, estranhamente aí sentia-me bem. Mas na realidade rezava por uma lesão..."
É estranho um futebolista desejar uma lesão, mas era exatamente isso que passava pela cabeça do avançado naquela altura: "Pensava 'só quero lesionar-me, quero algum tempo fora'. E então fui à seleção com a Jamaica e lesionei-me no joelho [em novembro de 2023]."
Mas outros pensamentos atravessavam-lhe a mente. "Dizia para mim 'tenho 33 anos, não posso continuar a jogar desta forma, caso contrário não me dão outro contrato'. Todos estas coisas passavam em espiral pela minha cabeça. 'É o fim para mim? A minha carreira terminou?'"
O avançado procurou ajuda e é atualmente acompanhado por terapeutas, depois de ganhar coragem e expor o problema ao clube. As culpas, atribui em parte às exigências do futebol moderno e ao apertado calendário a que os futebolistas estão sujeitos. "O futebol é constante, estás constantemente dentro do jogo", considerou. "A partir do momento em que a tua vida depende disso, quando tens pessoas a criticar-te constantemente, torna-se um emprego. Não importa se és bom ou o quanto amas o jogo, é um emprego."