Tensão comercial e guerra na Ucrânia marcam encontro entre Xi, Macron e Von der Leyen

5 meses atrás 70

Gonzalo Fuentes - Reuters

O presidente chinês está a realizar uma visita à Europa, a primeira em cinco anos. Num encontro, esta segunda-feira, com o presidente francês e a presidente da Comissão Europeia, em França, Xi Jinping deixou apelos a Paris e à União Europeia para que reforcem a sua “coordenação estratégica” e permaneçam “parceiros”. Ursula von der Leyen, por sua vez, deixou aberta a possibilidade de afastar as desconfianças que marcam a relação entre os dois blocos, mas deixou também claro que a UE “não hesitará em tomar decisões firmes” para proteger a sua economia.

Cinco anos depois, Xi Jinping volta a visitar a Europa, a poucos meses de a União Europeia e a China comemoraram 50 anos de relações bilaterais.

Na sua primeira paragem neste périplo, em França, Xi Jinping esteve reunido com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

As questões comerciais e económicas dominaram a agenda deste encontro, numa altura de crescente tensão entre o bloco europeu e Pequim.

Num discurso no início do encontro no Palácio do Eliseu, Xi Jinping deixou apelos a Paris e à União Europeia para que reforcem a sua “coordenação estratégica” e permaneçam “parceiros” apesar das múltiplas disputas e divergências, que vão desde o comércio à guerra na Ucrânia.

"Como duas grandes potências mundiais, a China e a UE devem continuar a ser parceiras, continuar o diálogo e a cooperação, aprofundar a comunicação estratégica, aumentar a confiança mútua estratégica, consolidar o consenso estratégico e realizar a coordenação estratégica", disse Xi Jinping.

"Isto visa promover o desenvolvimento estável e saudável das relações China-UE e fazer continuamente novas contribuições para a paz e o desenvolvimento mundial", acrescentou.


Ursula von der Leyen, por sua vez, deixou aberta a possibilidade de afastar as desconfianças que marcam a relação entre os dois blocos, salientando que o “intercâmbio é crucial”.

“A União Europeia e a China querem boas relações. E dado o peso global da China, o nosso intercâmbio é crucial para garantir o respeito mútuo, evitar mal entendidos e encontrar soluções para os desafios globais”, disse Von der Leyen.

“Além disso, tanto a China como a União Europeia tem um interesse comum na paz e na segurança e no funcionamento efeito de uma ordem internacional baseada em regras”, acrescentou.

Apesar disso, a presidente da Comissão Europeia deixou claro que a UE “não hesitará em tomar decisões firmes” para proteger a sua economia e instou Xi Jinping a tomar medidas para controlar a superprodução de bens industriais chineses.

“Uma China que joga limpo é boa para todos nós”, disse Von der Leyen após o encontro.
(em atualização)

Emmanuel Macron apelou a regras comerciais “justas” e o ministro francês da Economia e Finanças pediu uma “parceria económica equilibrada e sólida” entre a França e a China, acrescentando que atualmente as duas potências estão “ainda longe desse equilíbrio”.

A UE considera oficialmente a China um parceiro, mas também um concorrente e um rival sistémico.

As relações entre Pequim e Bruxelas tornaram-se significativamente tensas depois de a UE ter anunciado medidas de proteção contra práticas que considera injustas por parte de Pequim, nomeadamente a subvenção de certos setores cujos produtos inundam o mercado europeu, como os carros elétricos.

Em 2023, o bloco europeu abriu mesmo uma investigação sobre os subsídios chineses para carros elétricos. Mais recentemente foi também aberta uma investigação a suspeitas de comércio desleal de biocombustível proveniente da China no mercado único, com Bruxelas a impor medidas retaliatórias, como tarifas aduaneiras, caso se verifique ‘dumping’.

Estão ainda a ser analisados alegados subsídios ilegais a fabricantes chineses de turbinas eólicas em Espanha, Grécia, França, Roménia e Bulgária.
UE e França contam com a China para acabar com a guerra na Ucrânia
O papel de Bruxelas e Pequim nas guerras da Ucrânia e do Médio Oriente foi também abordado neste encontro em Paris.

A UE e França instaram Pequim a “usar toda a sua influência sobre a Rússia” para acabar com a guerra na Ucrânia, bem como a limitar a entrega de equipamento militar à Rússia.

"Contamos com a China para usar toda a sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia", disse "Contamos com a China para usar toda a sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia", disse Von der Leyen.

A presidente da Comissão Europeia disse estar “confiante” de que a China continuará a moderar as ameaças nucleares russas no contexto da guerra na Ucrânia.

“O presidente Xi desempenhou um papel importante na redução das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia e estou confiante de que continuará a fazê-lo”, disse Ursula von der Leyen no final do encontro.

Depois da visita a França, Xi Jinping visitará a Hungria e a Sérvia, países europeus próximos da China e também do presidente russo, Vladimir Putin.

c/agências

Ler artigo completo