Trabalhadores humanitários denunciam violação das leis da guerra

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"Este foi, de facto, o pior ano para os trabalhadores humanitários, particularmente para os das comunidades locais", disse o secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês).

Jagan Chapagain destacou que "cerca de 95% dos trabalhadores humanitários mortos são, de facto, funcionários e voluntários locais", segundo a agência francesa AFP.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho realizam desde hoje, em Genebra, Suíça, a sua conferência internacional quadrienal, que deverá centrar-se na necessidade de reforçar o respeito pelo direito humanitário internacional.

Participam na conferência as 191 sociedades nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, cujo pessoal e voluntários estão frequentemente na linha da frente dos conflitos e nas comunidades visadas.

O mundo é palco de conflitos brutais no Médio Oriente, Sudão, Ucrânia e Myanmar (antiga Birmânia), e muitos trabalhadores humanitários foram mortos ou feridos.

Desde o início do ano, 30 voluntários da rede foram mortos em todo o mundo, enquanto no sistema das Nações Unidas "perderam-se centenas", disse Chapagain.

A agência da ONU para os refugiados palestinianos em Gaza pagou um preço particularmente elevado, com mais de 200 pessoas mortas na guerra entre Israel e o movimento extremista palestiniano Hamas.

Chapagain disse que o crescente desrespeito pelo direito internacional nos conflitos "aumentou consideravelmente a exposição e os riscos extremos" para os trabalhadores humanitários, "com os voluntários a serem alvejados e as ambulâncias a serem atacadas".

Questionado sobre se os beligerantes visam deliberadamente os humanitários, Chapagain foi categórico: "Absolutamente. Infelizmente, os números falam por si".

Chapagain lamentou que o assassinato de um funcionário ou voluntário local não suscite praticamente qualquer atenção, ao contrário da morte de um funcionário internacional de organizações humanitárias, que pode suscitar a indignação mundial.

Quando "um local é ferido em comparação com um internacional ferido, a relação de atenção é de um para 500", disse.

O vice-presidente do Crescente Vermelho Palestiniano, Marwan Jilani, alertou que as violações flagrantes das leis da guerra na escalada do conflito no Médio Oriente estão a criar um precedente perigoso.

Desde o ataque do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023 e a resposta de Israel, os trabalhadores humanitários afirmam que as partes em conflito estão a desrespeitar o direito humanitário internacional.

"As regras da guerra estão a ser violadas de forma tão flagrante" que "abre um precedente que não vimos em nenhum outro conflito", disse Jilani à AFP, à margem da reunião em Genebra.

Jilani lembrou que, em Gaza, os trabalhadores humanitários locais estão expostos aos mesmos riscos que o resto da população durante os ataques israelitas.

O Crescente Vermelho Palestiniano tem mais de 900 funcionários e vários milhares de voluntários em Gaza, onde mais de 43.000 palestinianos foram mortos desde o início da guerra com Israel, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Jilani denunciou, em particular, o "ataque deliberado ao setor da saúde".

Israel rejeita estas acusações, afirmando que conduz as operações militares em Gaza e no Líbano em conformidade com o direito internacional.

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