Terminou a época histórica de Neemias Queta: o que fez o poste luso e o que se segue?

3 meses atrás 86

Terminou, nesta última madrugada, a grande final da NBA, principal liga de basquetebol norte-americano, com os Boston Celtics a sagrarem-se campeões, após baterem os Dallas Mavericks, e, com isso, terminou também a época do português Neemias Queta. Façamos um pequeno resumo de um ano histórico e olhemos para o que se segue.

Para os mais distraídos, o jogador luso de 23 anos foi escolhido no Draft de 2021 pelos Sacramento Kings, da Conferência Oeste, mas acabou por ser pouco utilizado em dois anos e, no último verão, mudou-se para os históricos Boston Celtics, a equipa, a partir deste final de época, mais titulada da história da liga. A expectativa era, por isso, elevada.

À semelhança do que aconteceu nos Kings, Neemias Queta assinou, inicialmente, um contrato two-way, que lhe permitia transitar livremente entre a G League - liga de desenvolvimento da NBA, onde atuou ao serviço dos Maine Celtics - e a NBA, embora com um limite máximo de partidas disputadas nesta última. Acabava por ser um cenário, teoricamente, semelhante ao que tinha, mas cedo se percebeu que não era bem assim.

O que fez Neemias?

A cumprir a sua 3ª época na Liga e a 1ª ligado aos Celtics, o internacional português já estava claramente num patamar acima do jogador comum com contrato two-way e da G League - prova disso é que, na época passada, ficou em  2º lugar no que à corrida a MVP (jogador mais valioso) da G League -, o que deixava alguma expectativa e incerteza quanto ao seu papel na equipa. Ainda para mais depois da turma de Boston ter investido forte nesta época e ter adquirido Jrue Holiday (base) e o poste Kristaps Porzingis.

Além do letão Porzingis, a equipa comandada por Joe Mazzulla tinha ainda para a posição o experiente Al Horford e Luke Kornet, visto como relevante pela franquia, especialmente a nível de balneário. Numa primeira fase, por isso, não foi de estranhar que Neemias Queta dividisse o seu tempo entre a NBA e a G League, com aparições esporádicas na liga de desenvolvimento, mas rapidamente isso mudou.

É que os Celtics apostaram fortemente no talento do português e este começou a acompanhar a equipa constantemente, para que estivesse sempre disponível a ir a jogo, em caso de necessidade, e prova disso é que não foi preciso muito tempo para fazer mais jogos na NBA em plena época de estreia nos Celtics (30 na época toda) do que em duas épocas pelos Sacramento Kings (19). Além disso, os minutos em campo eram bem maiores - jogou, em média, 11 minutos por jogo pelos Boston Celtics, enquanto nos Sacramento Kings jogava apenas sete.

Isto permitiu a Neemias Queta crescer na rotação dos Boston Celtics, ao ponto de ter uma fase da época onde, praticamente, jogava noite sim, noite não. Isto ajudou o português a terminar a época com 30 jogos - com direito a máximos de carreira respeitáveis - na NBA e médias de 5,2 pontos por encontro, 0,7 assistências e 4,2 ressaltos, além de se ter tornado o primeiro português a jogar em play-offs e finais da NBA e a sagrar-se campeão. Que época!

De resto, Neemias Queta até se podia ter tornado o primeiro bicampeão norte-americano da história. Passamos a explicar. É que, embora Neemias Queta tenha jogado bastante menos tempo esta época na G League do que com os Kings, ainda foi ajudando os Maine Celtics e chegar à final da prova, onde acabaram por perder com os OKC Blue (equipa afiliada dos OKC Thunder), falhando o poste luso a conquista inédita dos dois anéis na mesma época. Na G League, contudo, Neemias fez 16 jogos e terminou com médias de 13,4 pontos, 2,4 assistências e 9,6 ressaltos.

O que se segue?

Correspondendo claramente dentro de campo, não foi de estranhar que, já no final da fase regular, os Boston Celtics premiassem Neemias Queta com um contrato standard - o nível acima do que tinha, o two way -, que não só era mais vantajoso financeiramente, como também lhe permitia jogar nos play-offs (o que acabou por acontecer, nas meias finais do Este, frente aos Cavs). Era claro que o português era aposta para o presente. E para o futuro?

Agora que a época terminou, começa também o verdadeiro planeamento do futuro, tanto do jogador, como da franquia. Na altura em que assinou o tal contrato standard, ficámos a saber que o mesmo era apenas garantido até ao final de 2023/24, mas os Celtics ficaram com a opção de prolongar o contrato para a próxima época (com direito a 2,1 milhões de dólares), tendo que tomar essa decisão até ao próximo dia 29 de junho, antes do arranque da free agency da NBA.

Português teve vários momentos altos @Getty /

Quer isto dizer que ainda não é garantido onde jogará Neemias Queta na próxima época, mas o facto dos Celtics terem querido adicionar essa opção é bom presságio, até porque os novos campeões da NBA terão que fazer escolhas neste verão no seu plantel, especialmente ao nível dos jogadores de rotação (onde se insere Neemias), caso queiram manter o seu sexteto de luxo (e caro), composto por Jrue Holiday, Porzingis, Tatum, Jaylen Brown, Al Horford e Derrick White.

Brad Stevens, antigo treinador e atual diretor desportivo dos Boston Celtics, afirmou, aquando da renovação de contrato de Neemias, que o internacional luso era uma «aposta para o futuro» e tem no jogador português uma opção barata e de confiança para a próxima época. Veremos o que acontece nos próximos dias.

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