Terroristas do Hamas revelam detalhes do ataque a Israel

10 meses atrás 99

Mundo

A SIC teve acesso a parte dos interrogatórios dos homens do Hamas detidos em Israel, onde contaram detalhes sobre a preparação do ataque de 7 de outubro. Ao mesmo tempo, uma série filmada em Gaza, no ano passado, parece ter "previsto" o atentado.

Israel tenta explicar o que aconteceu a 7 de outubro, o dia mais sangrento da sua história: o massacre do Hamas que provocou mais de 1.200 mortos. Entre os milicianos, mais de 1.000 morreram nos combates contra os soldados e a polícia israelita, mas houve também dezenas que foram presos. São esses que, agora, contam os detalhes da operação.

"De repente, pessoas de dentro, do coração do Hamas, começam a falar e a revelar informações sobre o 7 de outubro, incluindo informações pessoais, como os nomes dos comandantes no terreno. Foi assim que foram obtidas informações táticas muito importantes para os israelitas, que as usaram na invasão terrestre de Gaza. Alguns dizem que até hoje usam essa informação", explica Ohad Hemo, jornalista do Canal 12 israelita.

Nos últimos dois meses, os homens do braço armado do Hamas e do comando "A-nukba" foram interrogados durante milhares de horas, revelando muita informação sobre a organização extremista.

Ambulâncias levam “soldados, armas e explosivos”

No dia 7 de outubro, 250 israelitas foram sequestrados para Gaza, sendo que mais de 100 foram libertados até agora, a troco de cessar-fogo e de presos palestinianos.

138 pessoas - 10 com mais de 75 anos - permanecem nas mãos do Hamas. Nos interrogatórios, os comandos reconhecem que na "Guerra Santa" tudo vale.

"Usamos as ambulâncias para transportar tudo o que é importante. Por exemplo, os nossos comandantes e tudo o que é necessário", diz um membro do Hamas. "Os judeus não atacam ambulâncias Transportamos também armas e explosivos", afirma Maman Eid Mabarak, que também faz parte da organização.

Os presos do Hamas indicam também os arsenais e plataformas de lançamento de rockets na Faixa de Gaza, destacando no mapa mesquitas, escolas e hospitais, o que ajuda as forças israelitas que invadiram Gaza 15 dias depois do massacre.

"Escondemos armas, explosivos, tudo o que é importante em mesquitas, escolas e hospitais para não despertar suspeitas nem ser atacados", diz Maman Eid Mabarak. "Quem se escondem na cave do hospital Shifa é o nosso comando central", revela outro membro, Amar Marzouk.

Ficção tornou-se realidade

Há um ano e meio, durante o mês do Ramadão, o principal canal de televisão do Hamas, Al Aqsa TV, transmitiu uma série de televisão que foi muito aplaudida em Gaza. Na série, milhares de homens do Hamas saem dos túneis de Gaza e invadem Israel com jeeps, motas e milícias que ocupam o sul do país.

Os comandos do Hamas neutralizam os sistemas eletrónicos de proteção, matam soldados e civis, colocam a sua bandeira numa base militar e raptam israelitas para Gaza. Os serviços secretos israelitas viram a série, mas ninguém pensou que 18 meses mais tarde a ficção se transformaria em realidade. Para Israel, era pura propaganda.

"A série passou pela aprovação do Hamas. Cada imagem e cada cena que sai da Faixa de Gaza deve passar pela aprovação dos comandantes do Hamas. Esta é uma série que realmente tenta elevar o perfil do Hamas. E então quando você sabe que o Hamas está por trás desta série (…) vê-se que haviam muitas luzes vermelhas, de alerta, que infelizmente não acenderam aqui em Israel", analisa o jornalista Ohad Hemo.

Yichia Sinwar, líder do Hamas em Gaza, que neste momento dirige a guerra contra Israel, deu um prémio aos produtores e aos atores da série há pouco mais de um ano, e confessou que esta inspira operações reais que seriam levadas a cabo no futuro.

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