Trabalhar menos e ganhar mais: Uma equação complicada

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manifestamente exagerada, ou demasiado otimista, se preferirem, parece-me a proposta do Bloco de Esquerda da introdução da semana de quatro dias.

As previsões que vaticinavam que a Revolução Industrial traria consigo o fim do trabalho, permitindo aos homens aproveitarem ociosamente o tempo a seu bel-prazer enquanto as máquinas se esfalfavam a trabalhar para eles, revelaram-se manifestamente exageradas. Tem havido conquistas significativas, é verdade, como as férias, os fins de semana, a libertação de algumas das tarefas mais pesadas. Mas, que eu saiba, ninguém pode dar-se ao luxo de dispensar uma atividade profissional, a menos que esteja reformado ou viva dos rendimentos.

Também manifestamente exagerada, ou demasiado otimista, se preferirem, parece-me a proposta do Bloco de Esquerda da introdução da semana de quatro dias.

Estará Portugal em condições de prescindir de um em cada cinco dias úteis, ou seja, o equivalente a cerca de 20% do tempo de trabalho? Há estudos que apontam para uma maior produtividade na semana de quatro dias, mas diria que esse ganho tenderia a esbater-se à medida que os quatro dias se tornassem a regra e não a exceção. Tanto quanto julgo saber, o que o país precisa é de produzir mais, não de produzir menos. A não ser que queiramos afundar-nos na cauda da Europa e façamos ponto de honra em não sair de lá, convém continuarmos nos cinco dias úteis e deixarmo-nos de fantasias.

Mas há outro aspeto intrigante na proposta da semana dos quatro dias. É que o Bloco de Esquerda é o mesmo partido que defende a entrada indiscriminada de imigrantes. Esta política de portas abertas, evidentemente, tem levado à degradação das condições de trabalho e dos salários, pois estes imigrantes, habituados a condições bem piores do que as nossas, sujeitam-se a quase tudo a troco de quase nada. Por exemplo, a trabalhar aos fins de semana (não de três, mas de dois dias). Aliás, não é exatamente verdade que os imigrantes vêm fazem aquilo que os portugueses não fazem. Os portugueses não o fazem em troca de salários mínimos e naquelas condições. E têm toda a razão nisso.

“Porque é que a vida tem de ser consumida a trabalhar para não sair do salário mínimo ou de um salário que não paga a casa?”, questionou Mariana Mortágua. Porquê? Em parte porque a política de portas abertas, que o Bloco de Esquerda defende com unhas e dentes, tem degradado as condições de trabalho em Portugal. Portas abertas, redução dos dias de trabalho e aumento dos salários. Ou seja, trabalhar menos e ganhar mais: não sei como se faz isso, mas parece-me uma equação complicada, se não mesmo uma contradição insanável.

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