Turquia ainda não formalizou entrada da Suécia na NATO

8 meses atrás 92

Votação no Parlamento turco é um pró-forma, depois de a Comissão de Assuntos Externos ter aprovado a aceitação da entrada da Suécia. A Hungria, por seu turno, convidou o primeiro-ministro escandinavo para uma visita.

A Assembleia Geral do Parlamento devia votar a candidatura da Suécia à NATO esta terça-feira, mas a imprensa turca dizia que essa votação pode ocorrer apenas na quinta-feira, dado que a agenda parlamentar tem 42 temas em debate. De qualquer modo, convém lembrar que a votação na assembleia é um pró-forma: a Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento aprovou o protocolo sobre a candidatura da Suécia à NATO em dezembro passado, pondo fim a um impasse de 19 meses que fez estremecer os laços entre Ancara e os seus aliados ocidentais.

O protocolo precisa de ser votado pela Assembleia Geral de 600 lugares, onde a Aliança do Povo, do presidente Recep Erdogan, detém a maioria. Se aprovado pelo Parlamento, o presidente precisará de sancionar. O Partido do Movimento Nacionalista (MHP), parceiro do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) de Erdogan, anunciou que apoiaria a legislação na votação parlamentar – o que retira qualquer dúvida sobre o sentido do voto parlamentar.

A ratificação da Turquia deixa a Hungria como o último país a manter pressão no processo de adesão que a Suécia e da Finlândia. A Finlândia tornou-se o 31.º membro da aliança em abril passado. Mas esta terça-feira, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciou que enviou uma carta a convidar o seu homólogo sueco, Ulf Kristersson, para discutir a candidatura da Suécia à NATO. “Hoje, enviei uma carta-convite ao primeiro-ministro Ulf Kristersson para uma visita à Hungria para negociar a adesão da Suécia à NATO”, escreveu Orbán no Twitter – o que é o mesmo que dizer ‘sim’ à proposta da aliança atlântica.

Mas no Parlamento húngaro, a votação é agora apenas uma formalidade, uma vez que as comissões competentes já deram luz verde – mesmo que a votação final tenha sido repetidamente adiada por ‘intromissão’ de Orbán como resposta às críticas de Estocolmo sobre o estado de direito na Hungria.

As reservas dos dois países sobre a matéria resultam, segundo os analistas, do facto de Turquia e Hungria não terem na sua agenda diplomática estabelecido qualquer confronto com a Rússia – nem mesmo com a Rússia de Putin. Uma postura político-diplomática que é seguida por vários outros países – como por exemplo a Sérvia, que está na linha da frente para a adesão à União Europeia.

Recorde-se que a Suécia fez o ‘trabalho de casa’ para demover a Turquia: endureceu a sua legislação antiterrorismo – nomeadamente no que tem a ver com o financiamento de grupos considerados ilegais – apesar do risco de haver muitos suecos que não estão de acordo com a forma ‘submissa’ como o país escandinavo aceito a ‘chantagem’ de Ancara.

As reservas da Turquia tinham também a ver com o pedido de Ancara de que o Congresso norte-americano desbloqueasse a venda de 40 caças F-16 e peças de reposição. Embora o governo norte-americano tenha prometido avançar com a venda, a aprovação encontrou resistência no Congresso.

No mês passado, Erdogan debateu o assunto por duas vezes com o presidente Joe Biden, enquanto o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, dizia ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que a Turquia espera agora que o governo e o Congresso “ajam de acordo com o espírito de aliança e cumpram os compromissos assumidos” sobre os F-16.

Ler artigo completo