O parlamento ucraniano "recebeu uma carta de demissão de Mykola Solsky", declarou na rede social Facebook o presidente daquele órgão, Ruslan Stefantchuk, anexando a missiva manuscrita à sua mensagem.
"Peço-vos que aceitem a minha demissão do cargo de ministro da Política Agrária e da Alimentação", lê-se na carta -- um pedido que os deputados deverão agora aceitar ou rejeitar.
Vários casos de corrupção emergiram na Ucrânia desde o início da invasão russa do país, em fevereiro de 2022, nomeadamente no âmbito das Forças Armadas, mas eles envolvem geralmente oficiais de baixas patentes.
Mykola Solsky confirmou ter escrito a carta de demissão, considerando tratar-se da "coisa acertada a fazer", numa mensagem divulgada pelo seu ministério.
Assegurou ainda estar disposto a "continuar a trabalhar", se o parlamento recusar a sua demissão.
Na terça-feira, a agência nacional de combate à corrupção anunciou que Solsky era suspeito de se ter apoderado de terrenos públicos com um "valor aproximado de 6,9 milhões de euros" e de ter "tentado apropriar-se de outros terrenos" avaliados em quase 4,5 milhões de euros.
Para tal objetivo, segundo as autoridades, agiu em concertação com funcionários do serviço de registo de propriedade e de cartografia do Estado.
Entre 2017 e 2021, são suspeitos de se terem apoderado de quase 2.500 hectares na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, através de um sistema que envolveu o desvio de documentos oficiais.
Segundo a sua biografia oficial, Mykola Solsky trabalhou num escritório de advogados até 2019, foi eleito deputado do parlamento nesse ano e nomeado ministro em março de 2022.
Os acusados também tentaram apropriar-se de mais 3.282 hectares de terra, mas foram "impedidos" de o fazer por procuradores e agentes anticorrupção, indicou a agência nacional anticorrupção.
O Ministério da Agricultura divulgou uma resposta de Mykola Solsky a estas acusações, na qual afirma que exerceu entre 2017 e 2018 funções de advogado e não cargos públicos.
"Prometo transparência máxima para esclarecer a verdade", acrescentou, segundo o comunicado do ministério.
O combate à corrupção, um mal endémico na Ucrânia, é uma das principais condições impostas pela União Europeia ao país no âmbito do seu pedido de adesão ao bloco comunitário europeu.
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