Ucrânia: Zelensky suaviza relação com a União Europeia

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O presidente da Ucrânia parece ter percebido que o tom impositivo que usou no passado pode ser claramente contraproducente. O resolveu empenhar-se em agradecer as deferências de Espanha.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu esta segunda-feira a Espanha e ao seu presidente do Governo, Pedro Sánchez, pelo “apoio inabalável” durante a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE). Na rede social X, Zelensky agradeceu à presidência cessante do Conselho da União Europeia, considerando que “os últimos seis meses foram cruciais para o futuro da Ucrânia e da UE”.

“A presidência espanhola e Pedro Sánchez fizeram tudo quanto foi possível para aproximar o nosso objetivo comum: uma UE forte e unida com a Ucrânia como parte integrante”, acrescentou o presidente ucraniano.

Na sua última cimeira em 2023, os líderes da UE aprovaram a abertura de negociações com a Ucrânia para a sua futura adesão à União. Pouco depois, não conseguiram convencer todos os 27 a aceitarem o pacote de 50 mil milhões de euros destinados a patrocinar o esforço de guerra da Ucrânia – muito por causa da oposição da Hungria de Viktor Orbán.

Zelensky também felicitou a Bélgica e o seu primeiro-ministro, Alexander De Croo, por assumirem hoje a presidência rotativa do Conselho da UE. O presidente ucraniano desejou à Bélgica uma “presidência frutífera e maior unidade e força europeia”. “Esperamos trabalhar juntos para promover a adesão da Ucrânia à UE”, concluiu Zelensky.

No geral, esta preocupação de Zelensky pela os analistas a concluírem que Kiev está a mudar de tom. Ou seja, até agora, o presidente da Ucrânia tinha palavras de exigência face aos seus pedidos de armamento – entre tanques e aviões de guerra. O tom chegou a ser de tal ordem (ou mesmo de ordem, pode dizer-se), que algumas capitais acabaram por denunciar um excesso de zelo (para não dizerem outra coisa) da parte das autoridades ucranianas – num quadro em que, objetivamente, não há qualquer obrigação de a União Europeia (ou qualquer outro bloco ou país) ajudar a Ucrânia a defender-se.

Esta fase de algum agastamento por parte da Ucrânia – nomeadamente em relação às dificuldades em fazer chegar material de guerra ao país – acabou por culminar com as reservas entretanto manifestadas pelos republicanos dos Estados Unidos face a mais um pacote de ajuda à Ucrânia (que devia ter sido da ordem dos 200 mil milhões de dólares.

O início da guerra em Israel veio tornar tudo mais difícil – e Zelensky, que está a enfrentar alguma contestação interna, deve ter chegado à conclusão (fácil) de que a sobranceria da ‘heroicidade’ começa a não ter espaço. As deferências demonstradas para com a presidência de Espanha farão parte por certo de uma nova postura do presidente ucraniano.

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