UE continua a mobilizar-se para ajudar a Ucrânia, Zelensky insiste que só assim vencerão: o essencial do 658.º dia de guerra

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A necessidade de a União Europeia continuar a apoiar financeiramente a Ucrânia marcou este 658.º dia de guerra. Volodymyr Zelensky lembrou que, sem a ajuda dos aliados, “é claro” que a Ucrânia não conseguirá derrotar a Rússia. “Não podemos perder porque a única coisa que temos é o nosso país”, sublinhou, numa altura em que o envio de mais dinheiro para a Ucrânia, quer da parte da UE, quer da parte dos Estados Unidos, está a ganhar resistência.

A Hungria de Viktor Orbán ameaçou vetar um novo fundo no valor de 50 mil milhões de euros para Kiev, um tema que estará em cima da mesa no Conselho Europeu que decorrerá esta quinta e sexta-feira em Bruxelas. Esta quarta-feira o primeiro-ministro húngaro indicou que está disposto a chegar a “um pacto sobre questões financeiras”, mas continua a rejeitar levantar o seu veto à adesão da Ucrânia à União Europeia.

Perante esta resistência, o presidente do Conselho Europeu pediu mais uma vez aos Estados-membros um “sinal necessário” e “forte empenho político”: “Temos de prestar à Ucrânia um apoio político, financeiro e militar contínuo e sustentável e, em particular, chegar a um acordo sobre a concessão de 50 mil milhões de euros para a sua estabilidade a longo prazo”, apelou Charles Michel numa carta enviada aos chefes de Governo e de Estados dos 27.

Entretanto, um Eurobarómetro realizado entre outubro e novembro e revelado esta quarta-feira indica que a maioria dos cidadãos da UE é favorável à continuidade do apoio a Kiev – porém, a Comissão Europeia não indica essa percentagem. Para os cerca de 26 mil inquiridos, a guerra na Ucrânia é também um dos dois principais problemas que o bloco comunitário enfrenta hoje, a par da imigração.

Do outro lado do oceano, o Presidente dos EUA avisou os republicanos que estão a bloquear a aprovação de uma nova ajuda militar ao Governo de Kiev que “a história julgará com severidade todos aqueles que virarem as costas à causa da liberdade, porque hoje a liberdade da Ucrânia está ameaçada”. Joe Biden acrescentou que o Presidente russo está convencido de que Washington vai falhar com a Ucrânia: “Temos de provar que ele está errado”.

Outras notícias que marcaram o dia:

⇒ Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas num ataque de mísseis disparados pela Rússia no distrito oriental de Dniprovskyi, em Kiev, disse o presidente da câmara. Vitali Klitschko precisou que 18 pessoas foram hospitalizadas, enquanto 27 pessoas receberam tratamento médico no local. O ataque causou ainda incêndios num prédio de apartamentos, uma casa particular e vários automóveis, e estilhaçou as janelas de um hospital pediátrico.

⇒ A Rússia ameaçou retaliar no caso de ser atacada por caças F-16 ao serviço da Ucrânia a partir de bases aéreas da NATO em países-membros da Aliança Atlântica, como a Polónia, Roménia e Eslováquia. O aviso foi deixado pelo chefe da delegação russa nas negociações sobre segurança militar e controlo de armas da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. Konstantin Gavrilov falou em possíveis “medidas retaliatórias”.

⇒ A mais importante operadora de telecomunicações ucraniana, Kyivstar, que foi alvo de um ciberataque por piratas informáticos russos na terça-feira, assegurou hoje que está a restabelecer progressivamente os serviços. “Ao final do dia, os nossos técnicos especialistas começaram a restabelecer as chamadas telefónicas em toda a Ucrânia”, declarou a porta-voz da empresa que tem mais de 24 milhões de assinantes. O ciberataque foi reivindicado pelo grupo de hackers russo “Solntsepiok” ('Ao Sol').

⇒ A Presidente da Comissão Europeia considerou esta quarta-feira que o falhanço da Rússia e, em concreto “o fracasso de Vladimir Putin”, não traduz automaticamente uma vitória para a Ucrânia. Ursula von der Leyen considerou que “o Kremlin afastou-se a si próprio das economias ocidentais e dos sistemas de inovação, tornando-se dependente da China. Putin não está apenas a falhar os objetivos estratégicos, está a impor um custo dramático ao seu próprio país”.

⇒ O primeiro-ministro de Espanha espera fechar a presidência semestral espanhola da UE (que termina no final do ano) com o início das negociações de adesão da Ucrânia ao bloco comunitário. “Chegou a hora de a União Europeia abrir as suas portas e integrar no seu seio a Ucrânia, assim como a Moldova e os países dos Balcãs Ocidentais”, disse o socialista Pedro Sánchez.

⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é para a Ucrânia uma “importante plataforma” com um peso crescente na cena internacional, uma das razões pelas quais o país apresentou oficialmente esta semana o pedido para ser Observador Associado, estabelecendo dessa forma uma “cooperação permanente com a CPLP”.

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