Um coro de condenações

O julgamento de Salgado ainda vai no adro, mas já muitos especialistas fizeram um coro de condenações. Condenaram o tribunal por não ter dispensado liminarmente o ex-banqueiro, quando exposto na sua doença, apesar de terem sido os seus advogados a fazê-lo. Condenaram a juíza por ter querido formular a sua própria convicção, o Banco de Portugal e Carlos Costa por, alegadamente, serem responsáveis morais pela falência do BES, o que é risível. Condenaram o Ministério Público pela demora e os jornalistas pelas imagens de Salgado. Alguns destes ‘juízes’ são os mesmos que nunca escreveram uma linha ou levantaram uma palha, há mais de 20 anos, quando já se percebia como Salgado mandava em Governos, empresas públicas e privadas, jornais e televisões. Quando alguns dos seus lacaios batiam à porta de donos de jornais a pedir a cabeça do jornalista A ou B por levarem “uma cultura anti-BES para todo o lado”. Um grupo muito restrito dos tais especialistas, reconheça-se, está a golear. Bastou-lhes encostar o debate a uma suposta defesa dos direitos humanos, transformando Salgado na vítima da mesquinhez coletiva. Não é preciso ser um iluminado do direito para saber que a retribuição por via da prisão não se coloca quando se julga alguém que já tem 80 anos. Mas o jogo não é esse. É mesmo o de apagar para a história os crimes cometidos, extinguindo o procedimento criminal.

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