Villas-Boas: «Já toda a gente percebeu que deste lado são todos pecadores, e do outro são todos anjos»

6 meses atrás 51

As eleições no FC Porto estão a sensivelmente um mês de distância e os tempos são de campanha para os candidatos. Em Penafiel, André Villas-Boas prestou declarações no Museu Municipal, onde encontrou vários adeptos e sócios azuis e brancos.

O antigo treinador portista voltou a ser muito crítico da atual administração do clube e deixou fortes críticas a Pinto da Costa, o outro principal candidato ao sufrágio de 27 de abril. Villas-Boas garantiu que sente a vontade de mudança dos sócios.

Entre várias críticas, André Villas-Boas afirmou que o FC Porto está hoje dependente da «sagacidade» de Sérgio Conceição. O candidato à presidência do dragão apontou ainda o dedo ao Porto Canal e aos privilégios para as claques em relação aos restantes associados.

André Villas-Boas em discurso direto

Resposta a Pinto da Costa: «Já toda a gente percebeu que deste lado da candidatura são todos pecadores, e do outro lado são todos anjos. Portanto, nós seguimos o nosso caminho tranquilos, no caminho da transparência, esclarecimento dos adeptos e associados do FC Porto. Terão que ser eles a votar em consciência com o que acham que é melhor. Sente-se cada vez mais vontade de mudança por parte dos associados. E isso é inegável.»

Sérgio Conceição e o projeto atual: «É o treinador com mais vitórias, com mais jogos, um treinador por quem temos o máximo respeito, seja pelo seu portismo, pela sua entrega e dedicação ao FC Porto. E que nos deu muito com muito pouco. Sérgio Conceição é um treinador que deve ser respeitado e honrado. Portanto, quando esta candidatura chegar ao poder, se os sócios assim o permitirem, a primeira pessoa com quem falarei é com o treinador.»

«O mais importante é tornar o FC Porto um clube vencedor, com equipas competitivas e que não se veja o degradar da sua capacidade competitiva, como temos visto nos últimos anos. Portanto, hoje em dia estamos assentes na sagacidade de um treinador muito bom, que nos tem dado muito com muito pouco. E isso é algo que não podemos esquecer. Nós queremos construir equipas competitivas, fortes, que nos permitam lutar pelo título sempre e apoiada no talento e na sabedoria de todos. Portanto, é este o significado e a potência de uma boa estrutura, de um bom planeamento, de uma visão de um curto, médio e longo prazo que o FC Porto necessita.»

Críticas ao Porto Canal e aos privilégios das claques: «No Porto Canal, canal de televisão do clube, prometeram um tratamento e acesso igual, uma falácia que todos já perceberam. Mas, isso cabe à direção do Porto Canal e à direção do FC Porto responder.»

«Os grupos organizados de adeptos têm um papel fundamental no apoio à equipa, não podem é ter um acesso privilegiado dos restantes associados. No fundo, este deterioramento de relação está relacionado com a bilhética. Muitos sócios e adeptos viram-se frequentemente ultrapassados, sem respeito, por pessoas desses grupos.»

Banca internacional como solução: «Quando nos sentamos com a banca internacional, com grandes bancos internacionais, e perguntamos se havia conflito de interesse ou se o FC Porto já tinha lá estado, disseram-nos que não. Portanto, a banca internacional também quer ouvir-nos. O FC Porto não ter dado esse passo e estar a dar este passo com fundos ligados a pessoas que estão na candidatura do presidente para o futuro é promíscuo, na minha opinião. E é revelador, de certa forma, do que temos vindo a constatar, de que o FC Porto tornou-se numa máquina de interesses paralelos, de interesses alheios. Este cenário de saúde financeira é perigoso, sobretudo do ponto de vista operacional e de cash flow imediato. O problema é que o FC Porto já está a vender parte do seu coração, que é a Porto Comercial, a um fundo que está por esclarecer.»

Paridade no Conselho Superior: «É nossa responsabilidade atingir a paridade em termos de homens e mulheres no Conselho Superior e queríamos trazer para o seio do Conselho Superior a voz dos sócios. Portanto, parte desta candidatura convidou cinco sócios do FC Porto, de cinco gerações diferentes, a serem membros do Conselho Superior e as mesmas vão ser apresentadas este domingo. O Conselho Superior é o conselho consultivo do clube e atualmente está preenchido de algumas personalidades políticas e da sociedade, mas com pouca efetividade em termos de atuação. Portanto, nós queremos revolucionar isso, trazer a voz dos sócios para dentro do Conselho Superior, para que dessa forma os mesmos possam partilhar o que lhes vai na alma e trazer os seus confortos e desconfortos.»