Vítor Pereira encerrou as "aulas práticas" do Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), que juntou em Viseu centenas de técnicos. O timoneiro do Al Shabah, da Arábia Saudita, partilhou a visão sobre os temas quentes do momento.
RECORD - Esta vinda a Portugal serviu para matar saudades?
VÍTOR PEREIRA - Vim essencialmente para fazer esta ação, porque nós temos que ir fazendo reciclagem, além de que gosto muito deste tipo de iniciativa e não tenho problemas em partilhar as minhas ideias, que são simples. Dá-me um prazer grande trabalhar com os jovens, mas também, aproveitar estes dias.
R - O presente e o futuro é a Arabia Saudita?
VP - O futuro não sabemos, mas o futuro é hoje. Já deixei de pensar no futuro, para já é o que temos em mão e fazer o melhor possível e desfrutar desta experiência lá. Dizer que lá os relvados hoje são de topo, comparativamente com o que se via há uma década, há melhores equipas, melhores jogadores, melhores treinadores e melhor organização.
R - Regressa e tem o dérbi com o Al Hilal. Vai quebrar o ciclo vitorioso de Jorge Jesus?
VP - Vamos trabalhar. Prometer é só conversa. Vamos tentar apresentar argumentos diferentes, porque o Al Hilal tem argumentos de outro nível, mas nós temos a nossa organização e qualidade e vamos tentar.
R - Acha que o futebol na Arábia Saudita já está ao nível das ligas europeias?
VP - Ainda têm de trabalhar. Sabem que estão num processo evolutivo, e querem que o futebol ganhe em termos qualitativos. Não tenho dúvidas que estão a evoluir, mas é preciso continuar a trabalhar e eles sabem disso. É, neste momento, um campeonato muito competitivo.
P - Os treinadores portugueses ajudam nessa evolução?
VP - Os treinadores portugueses andam por todo o lado e têm uma capacidade muito grande. Taticamente sabem organizar as equipas e sabem adaptar-se aos contextos. Depois é preciso ensinar o jogo e isso é importante. Uma coisa é chegar a um clube com jogadores de um nível muito alto e, nestes, é uma questão de liderar, de motivar e juntá-los todos. Outra coisa, é o que acontece na Arábia Saudita, é chegar a um clube com jogadores de um nível diferente e nós temos que alinhar toda a gente numa ideia de jogo, se eles a ‘comprarem’ vamos juntos e felizes. É esse desafio e esse gosto que tenho neste momento.
P - Dá-lhe jeito ter um avançado como o Gyökeres?
VP - Sobre o Gyökeres nem é preciso responder. Não só os números, basta olhar. Ele não era deste nível e tem evoluído muito no Sporting. É um ponta-de-lança de eleição, que faz a diferença muitas vezes.
P - Vai votar nas eleições do FC Porto e já decidiu em quem vai votar?
VP - Eu não sou de fazer campanha. Sou sócio do FC Porto, como sou de outros clubes por onde passei, mas não me quero envolver.
R - Como olha de fora para o campeonato português?
VP - O Campeonato está competitivo. Na minha opinião, decide-se nas últimas 10 jornadas. E nestas, mesmo aquele clube que esteve à frente com uma vantagem grande – e temos essa experiência de outras épocas -, isso não quer dizer nada, porque é nestas 10 jornadas que a personalidade, o caráter, a ambição e a confiança têm que vir ao de cima, porque há momentos em que se perde a confiança e são aqueles predicados todos que vão fazer a diferença nas últimas 10 jornadas.
R - Se tivesse de colocar as fichas, em que clube apostaria?
VP - Não meto as fichas em ninguém. Este é um campeonato que vai ser discutido até à última jornada.
R - Incluíndo o FC Porto?
VP - Até à última, não tenho dúvidas nenhumas, até pelo histórico do clube.