"Vocês vão morrer". MP fala em plano para criar "clima de medo" na assembleia-geral do FC Porto

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Funcionários do FC Porto e da claque Super Dragões tentaram criar um "clima de intimidação e medo" na assembleia-geral extraordinária (AGE) de 13 de novembro do ano passado, que foi suspensa devido a confrontos entre adeptos. A tese é defendida pelo Ministério Público (MP) em documentos judiciais a que a Renascença teve acesso, no âmbito da Operação Pretoriano.

Entre os suspeitos, o MP refere os nomes de Adelino Caldeira, administrador da SAD do FC Porto; Fernando Saúl de Sousa, oficial de ligação aos adeptos; Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões; e Sandra Madureira, vice-presidente da mesma claque e mulher de Fernando Madureira.

A investigação acredita que foi acordado entre elementos do FCP e dos Super Dragões que na assembleia-geral de novembro "fosse criado um clima de intimidação e medo" para "constranger e a coarctar a liberdade de expressão" dos apoiantes de André Villas-Boas, adversário do presidente Pinto da Costa na corrida à liderança do clube.

"Vocês vão morrer" e "O Porto é nosso, quem não está com Pinto da Costa vai morrer" foram algumas das ameaças dirigidas a associados, enquanto aconteciam agressões no Pavilhão Dragão Caixa.

Os insultos foram acompanhados do arremesso de objetos, nomeadamente de garrafas de vidro, que feriram um sócio, seguindo-se vários episódios de intimidação e de abordagens agressivas por parte dos suspeitos contra os sócios, nomeadamente aqueles que começaram a gravar através dos telemóveis.

O MP dá ainda conta de ameaças e de atitudes intimidatórias por parte, nomeadamente, de Vítor Catão, conhecido adepto do FC Porto, contra jornalistas, que foram “impedidos” de fazerem o seu trabalho.

O objetivo era garantir a aprovação de alterações estatutárias na respetiva AGE e a manutenção de "regalias" conseguidas através da ligação ao FC Porto.

Adelino Caldeira, através do oficial de ligação aos adeptos, Fernando Saúl de Sousa, Fernando Madureira e Sandra Madureira, “definiram o que deveria ser colocado em prática para que lograssem a aprovação da alteração dos estatutos em benefício de todos os envolvidos e sem perda de regalias, designadamente vendo garantido os seus ganhos tirados da bilhética para os jogos de futebol”, refere o MP, nos documentos judiciais.

Alegadamente, os suspeitos elaboraram um plano para controlar o resultado da AG e, para isso, facilitaram a entrada ilegítima de "um número elevado de não sócios do FCP entrassem no espaço reservado à assembleia-geral extraordinária".

Esta situação criou "uma massa humana por si controlada que provocou agitação e constrangimento junto dos sócios do FCP que pretendiam exercer livremente o seu direito de voto", sustenta o Ministério Público.

Tendo por base "prova testemunhal, visionamento de imagens e prova documental existem indícios suficientes que levam a crer que todos estes acontecimentos foram gizados e delineados por diversas pessoas através de conversações digitais, nomeadamente através de redes sociais, mensagens escritas, grupos privados de WhatsApp”.

A PSP deteve esta quarta-feira 12 pessoas, incluindo o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, a sua mulher, Sandra Madureira, vice-presidente da claque, e o oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, Fernando Saul, no âmbito da Operação Pretoriano.

Adelino Correia não foi detido e nega todas as acusações que recaem sobre si. O vice-presidente e administrador da SAD do FC Porto diz repudiar "veementemente" as últimas notícias que o envolvem com os factos ocorridos na Assembleia Geral do FC Porto de 13 de Novembro de 2023.

Segundo a Procuradoria-Geral Distrital do Porto, “está em causa a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação”.

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