António Costa no Conselho Europeu é "o cenário mais provável", mas...

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Luís Marques Mendes considerou, este domingo, que o ex-primeiro-ministro, António Costa, deverá mesmo ser escolhido para presidente do Conselho Europeu, cargo até então ocupado por Charles Michel.

Na véspera do início do debate sobre cargos de topo da União Europeia (UE), o comentador afirmou que o "cenário mais provável" é que Ursula Von der Leyen seja reconduzida como presidente da Comissão Europeia, que António Costa "seja escolhido como presidente do Conselho Europeu" e que Kaja Kallas, primeira-ministra da Estónia, assuma o papel de Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, ocupado por Josep Borrell. Já o cargo de presidente do Parlamento Europeu deverá continuar a ser responsabilidade de Roberta Metsola.

"Isto é o mais provável aos dias de hoje, mas temos de aguardar porque a primeira cimeira de chefes de Estado e de governo para discutir o assunto é amanhã à noite, em Bruxelas", ressalvou o social-democrata, no seu habitual espaço de comentário no 'Jornal da Noite', da SIC, reiterando que "o mais provável, com todos os dados conhecidos, é que António Costa venha a ser mesmo o escolhido para presidente do Conselho Europeu".

Apesar de alertar que "na Europa só há certezas no final" e que podem "haver reviravoltas de última hora", Luís Marques Mendes descartou a possibilidade de António Costa não poder assumir o papel devido à Operação Influencer. "Essa parte está arrumada", atirou.

No entanto, o comentador considerou que há três líderes que podem dificultar a escolha para líder do Conselho Europeu: o presidente francês, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros de Itália e Espanha, Giorgia Meloni e Pedro Sánchez, respetivamente.

Segundo explicou, o presidente francês "pode querer arrastar este processo para depois das eleições em França" para "culpar a União Europeia pelo que se passa em França", ao passo que a primeira-ministra italiana, cujo partido teve bons resultados nas Europeias e que acabou de organizar a cimeira do G7, pode querer interferir por não existir qualquer cargo para Itália, colocando "algumas dificuldades".

Por último, o primeiro-ministro espanhol, apesar de ser um assumido "apoiante de Costa", tem também "uma velada esperança de ter um cargo europeu". 

Críticas dos partidos "não têm razão de ser"

O social-democrata, que já assumiu que o ex-primeiro-ministro "tem condições, qualidades e perfil" para um cargo europeu, defendeu que as críticas feitas a António Costa "não têm razão de ser". 

"Por um lado, há uma crítica de caráter mais partidário. António Costa é um socialista e há setores da Direita que, mesmo sendo um cargo internacional, não apreciam", começou por referir.

Marques Mendes frisou, contudo, que "esta crítica não faz sentido por uma razão muito simples: um país como Portugal, com a dimensão e estatuto que tem, só beneficia quando um português vai para um alto cargo internacional".

"Seja um português mais à Direita ou mais à Esquerda", acrescentou, lembrando casos como o de António Guterres, atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), e de Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014.

A segunda crítica, feita sobretudo pela Iniciativa Liberal (IL), acusa António Costa de "não ser um reformador" porque "não fez reformas em Portugal". No entanto, esta acusação "peca por exagero".

"Se António Costa fosse para um cargo executivo, como presidente da Comissão Europeia, essa crítica ainda poderia fazer algum sentido. Mas António Costa não vai para um cargo executivo, a escolha será para o Conselho Europeu. É um cargo diferente, é um cargo que exige, sobretudo, capacidade de diálogo, capacidade de coordenação, capacidade de fazer entendimentos entre os vários líderes europeus. Acho sinceramente que, para esse tipo de cargo, ele tem o perfil certo e o perfil adequado", rematou.

Sublinhe-se que os líderes da UE - incluindo o chefe de Governo português, Luís Montenegro - vão reunir-se amanhã num jantar informal em Bruxelas para debater o próximo ciclo institucional, uma semana depois das eleições Europeias, que deram vitória ao Partido Popular Europeu (PPE), seguido dos Socialistas e Democratas (S&D) e dos liberais do Renovar a Europa.

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