França em compasso de espera

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A Nova Frente Popular continua a reivindicar o cargo de primeiro-ministro e promete um nome “dentro de uma semana”. Jean-Luc Mélenchon está cada vez mais longe do cargo. As bolsas europeias abriram em alta, com a exceção da britânica.

A inesperada vitória da Nova Frente Popular (NFP) na segunda volta das eleições francesas lançou o país num compasso de espera – num contexto em que, à esquerda de Emmanuel Macron, o tempo é de profundas negociações. Mas sem pressa: os principais responsáveis da coligação de esquerda disseram esta manhã que precisam de uma semana para isolarem o nome que, afirmam, o presidente deverá convidar para primeiro-ministro. Um facto está consolidado: várias personalidades, de Olivier Faure ao comunista Fabien Roussel, ao ex-presidente socialista François Hollande e ao ecologista Yannick Jadot, já descartaram a hipótese de Jean-Luc Mélenchon, o líder da coligação, ser o futuro chefe de governo.

Mas os partidos que compõem a Frente Popular – La France Insoumise (LFI), o Partido Socialista (PS), os Ecologistas e o Partido Comunista Francês (PCF) – reivindicaram sem hesitações o cargo de primeiro-ministro, alavancados pelos182 lugares que conseguiram no novo parlamento – onde a maioria absoluta se dá aos 289 lugares.

Segundo a imprensa francesa, o presidente da República deve apelar esta segunda-feira, oficialmente, à NFP para que a coligação indique um nome para primeiro-ministro, disse a líder dos Verdes, Marine Tondelier, precisamente uma das personalidades que destaca como escolha possível.

O primeiro-secretário do PS, Olivier Faure, e a ‘rebelde’ Mathilde Panot disseram que o NFP iria propor um nome “dentro de uma semana”. “Não devemos dar a impressão de que não somos capazes de governar”, disse Olivier Faure, explicando que a escolha será feita “ou por consenso, ou haverá necessariamente uma votação” entre os partidos da NFP.

O coordenador do La France Insoumise, Manuel Bompard, disse, do seu lado, preferir que a escolha seja conseguida “por consenso”. Bompard reafirmou que o “costume republicano” é que o primeiro-ministro pertença “ao partido político da coligação que tem o maior número de deputados”, que é o seu (obteve 74 dos 182 lugares). O PS conquistou 59 lugares, os Verdes 28 lugares e os comunistas nove.

Mathilde Panot repetiu que Jean-Luc Mélenchon, apesar de ter claras dificuldades em impor o seu nome, “não está absolutamente desqualificado” para Matignon (a sede do governo). “Ele reensinou a esquerda a vencer (…) deu esperança a milhões de pessoas ao conseguir 22% na eleição presidencial”, recordou. Mas Marine Tondelier sublinhou que “um bom primeiro-ministro deve apaziguar o país e federar-se no seu próprio campo”, destituindo Mélenchon como um nome possível.

Também Clémentine Autain e François Ruffin, dois nomes da coligação de esquerda, pediram para que a NFP saiba encontrar um nome que seja uma espécie de ‘epicentro’ do movimento que ganhou as eleições.

O mercado

Como era de esperar, os mercados reagiram menos mal à vitória da esquerda. As principais bolsas europeias iniciaram a semana em alta, com os mercados de Paris e Frankfurt a registarem avanços de 0,42% e 0,30%, respetivamente. Em Madrid, o índice subia 0,25% e em Milão o aumento era de 0,33%. A bolsa de Londres contrariava a tendência europeia, recuando ligeiramente 0,02% – mas isso tem mais a ver, evidentemente, com circunstâncias caseiras decorrentes das suas próprias eleições, que propriamente com as eleições francesas.

Em termos da dívida soberana, os movimentos são também reduzidos – com a agência de notação Moody’s a prometer uma reavaliação do rating do país para esta segunda-feira, mas para já ainda não o fez.

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