Patrícia Portela monta "Mercado das Madrugadas" dedicado às revoluções futuras em Aveiro

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A performance, que decorre entre 24 e 27 de abril, a partir das 20:00, na Praça Dr. Joaquim Melo Freitas, ganha a forma de um mercado e propõe um lugar de discussão e imaginação para os próximos 50 anos de revoluções.

"Isto é um espetáculo de rua onde nós convocamos as pessoas para pensarem nos próximos 50 anos de Abril, ou seja, não para trás, mas para a frente, com a experiência e as histórias que já temos, e pensar como é que a partir daqui voltamos a fazer uma revolução e, agora, adaptada às necessidades atuais, sejam elas ecológicas, financeiras, pessoais, emocionais, mentais, científicas. Há muita revolução para fazer", disse à Lusa a encenadora.

Segundo Patrícia Portela, a performance "será feita à medida da vontade de mudança de cada um", tendo em conta as suas próprias revoluções, que naturalmente são diferentes, dependendo da idade, dos sonhos e do que cada um já foi atingindo.

"Vamos ter muitas propostas de mudança, como o quebrar de duas regras pequeninas todos os dias", desvendou a criadora, sustentando que "a revolução é uma questão de `fitness`".

"Se nos habituarmos todos os dias a subverter um bocadinho o nosso dia habitual, vamo-nos preparando para o dia em que, todos juntos, temos que quebrar uma regra maior e, quando esse dia chegar, nós não estamos emperrados", acrescentou.

A cada dia, o espetáculo começa com a chegada das bancas do mercado e tem por fio condutor um conjunto de histórias originais, escritas por Patrícia Portela, que vão sendo contadas pelos diferentes intervenientes.

A autora de performances e obras literárias está convicta de que pelo menos uma história tocará a alguém, "talvez porque reconheça, outras porque têm a mesma idade, outras porque são assuntos que lhes dizem respeito, ou que dizem respeito aos nossos avós, ou filhos".

O espetáculo começa com o pôr-do-sol e o tempo de duração, segundo Patrícia Portela, está dependente do entusiasmo do público. "Isso depende um bocadinho das pessoas, se elas ficam connosco ou não, se conversam connosco ou não", argumentou.

A performace reúne um elenco de várias gerações, onde se destacam nomes como Diogo Dória, João Grosso e Ana Rocha. "Temos uma geração que viveu o 25 de Abril, uma geração que nasceu no 25 de Abril e uma geração que tem agora 20 anos e que está mais distante do 25 de Abril, mas tem o futuro nas mãos. É muito bom ver pessoas diferentes a juntarem-se e a partilhar uma ideia comum que é a vontade de mudança e de um mundo melhor", disse.

O projeto, que foi desenvolvido em parceria com diversas estruturas locais, inclui "um chá que lava a alma, um pudim de madrugadas, bolachas de salicórnia, cravos feitos pelas tricotadeiras de Aveiro e um coro relâmpago de Aveiro".

Depois de Aveiro, o "Mercado das Madrugadas" segue para Lisboa, onde vai estar de 9 a 12 de maio, no Largo de São Domingos, junto ao Rossio e ao Teatro Nacional D. Maria II, historicamente ponto de encontro de cidadãos do mundo e da Lisboa Africana, em particular, e Patrícia Portela diz que o objetivo "é ir pelas praças todas do país".

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