2023 foi o ano da IA, e agora?

8 meses atrás 77

Nunca um termo da ciência ou da tecnologia teve uma presença tão dominante nas conversas da sociedade como a Inteligência Artificial (IA). A sua popularidade foi tão grande que o prestigiado Dicionário Collins a elegeu como a palavra do ano de 2023.

É surprendente, tendo em conta que a palavra IA foi criada, pelo americano John McCarthy, para designar o novo campo de estudo da ciência, em 1956. O conceito ainda é mais antigo e remonta ao ano de 1936, com a “máquina de Touring” do britânico Allan Touring. A pergunta que todos fazemos é, se a IA existe há tantos anos, porque só agora se torna tão popular ao ponto ser considerada como o acontecimento do ano. Acredito que este fenómeno está associado a dois momentos.

O primeiro, acontece em novembro de 2022, quando os laboratórios OpenAI comunicam o lançamento do assistente virtual ChatGPT. Uma ferramenta de acesso livre que permite que lhe façam perguntas em linguagem natural e oferece respostas com conteúdo de alta qualidade e com um texto que quem o lê acredita que foi produzido por um ser humano qualificado.

Neste mundo interconectado, o ritmo de adesão foi exponencial, nomeadamente pelos estudantes que viram no ChatGPT, uma caixa mágica para os seus trabalhos. O resultado não deixa ninguém indiferente, em dois meses atingiu os 100 milhões de utilizadores, e tornou-se na aplicação de consumo com crescimento mais rápido da História.

O segundo anúncio, surge há precisamente um ano, em janeiro, com a comunicação da Microsoft de um investimento de dez mil milhões de dólares nos laboratórios OpenAI, em troca da exclusividade do fornecimento dos seus modelos na Cloud.

O anúncio de um investimento desta grandeza fez-me recuar a julho de 2010, ao pavilhão olímpico de Atlanta (EUA), à convenção da Microsoft que tinha como lema a expressão “all-in”. Trata-se de um termo utilizado no poker que significa colocar todas as fichas numa só aposta. Em 2010, a aposta recaiu na Cloud, no recente lançamento do mundo Azure, e que mudou radicalmente o negócio da Microsoft e da indústria.

O software deixou de ser vendido como uma mercadoria para passar a ser fornecido como um serviço na cloud. Há um ano, a Microsoft voltou à estratégia “all-in”, com uma aposta única e decisiva na IA Generativa. De seguida assistimos às novas versões dos produtos com a incorporação de capacidades de IA. Trata-se de uma dinâmica que conquistou o seu curso e que é imparável.

É certo, que outros players do mercado como a IBM e a Google foram pioneiros na IA e na IA Generativa. Porém, foram os anúncios da OpenAI e da Microsoft que colocaram o tema na Inteligência Artificial na ordem do dia, com uma cobertura nunca antes vista pela comunicação social e com uma extensa repercusão nas redes sociais. O ano 2023, será sempre recordado como o ano da Inteligência Artificial. E agora?

2024 já não é um ano de descoberta, é um ano de concretização. As organizações encontram-se divididas em três níveis. Num primeiro patamar, as mais maduras, as que investem em IA há alguns anos, têm já modelos em produção mas sofrem as dores de quem começou a implementar modelos de forma isolada, avulsa, lenta e onerosa. O seu objetivo será passar o modo artesanal ao industrial com produção otimizada, massiva e contínua de modelos.

No segundo nível estão as empresas que já identificaram os seus casos de uso. Irão realizar MVPs para confirmar o real valor da IA no seu negócio. Por fim, no nível mais baixo de maturidade, estão as organizações que questionam a mais valia da IA no seu negócio. Estarão focadas em identificar as suas necessidades, os seus casos de uso e em criar um roteiro que lhes faça ganhar os benefícios e a confiança na Inteligência Artificial.

O ano de 2024 ficará marcado por desafios, como a resistência à mudança por parte dos colaboradores. A falta de conhecimento, formação ou recursos disponíveis no mercado. A dificuldade de assegurar o acesso, a qualidade e o governo de dados essenciais ao sucesso da IA. As organizações que conseguirem adotar mais cedo e em toda a sua cadeia de valor a Inteligência Artificial, serão aquelas que irão liderar os seus mercados.

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