A ascensão de Amorim: «Foi o melhor treinador que apanhei na carreira»

8 meses atrás 94

«Já temos Campeão de Inverno! É o SC Braga, o mesmo SC Braga que há menos de um mês estava a trocar de treinador, apostando num técnico sem «nível» e estreante. Um golo no último lance do jogo fez explodir a Pedreira na despedida da Final 4 da cidade minhota», escreveu o zerozero, na crónica da final diante do FC Porto.

2020. Recordação da última vitória do SC Braga numa final da Taça da Liga. A segunda da história dos gverreiros, depois de 2012/13, ainda com José Peseiro no comando. Há quatro anos, as linhas do livro bracarense escreveram-se com um autor diferente... que agora estará do outro lado, na primeira meia-final da Allianz Cup 2023/24.

Perto de quatro anos depois, é tempo de recordar o título que deu a Rúben Amorim uma nova vida como treinador. Tinha poucos anos de carreira quando é apanhado numa montanha-russa de treinadores em Braga. Ricardo Sá Pinto, Custódio, Artur Jorge, o interino Micael Sequeira e Amorim. Ao jovem técnico é incumbida a missão de comandar a equipa principal dos gverreiros, isto depois de estar à frente da equipa B durante 11 jogos.

«Tinha a escola Jorge Jesus e foi isso que nos incutiu»

11 jogos, uma conquista: a Taça da Liga. Recordámos esse momento com Diogo Viana. O atual capitão do Trofense fez parte do plantel comandado por Rúben Amorim no tempo desse título e relembrou, em conversa com o zerozero, como essa temporada decorreu. 

@Kapta+

«Era um balneário muito bom e uma equipa super unida. Nesse ano, passámos por vários treinadores e depois é que veio o Rúben Amorim, que chegou poucas semanas antes da Taça da Liga, Nós já tínhamos ouvido falar muito bem do trabalho do mister na equipa B. Já lidávamos com ele ali, em certa parte. Trabalhávamos lado a lado e os feedbacks que davam dele eram mesmo muito bons. Tinha a escola do Jorge Jesus, trabalhava muito bem e impôs o seu futebol. Ele trabalhava muito bem a equipa na escolas paradas, que é sempre um fator crucial nos jogos. Tinha muito essa escola do mister Jorge Jesus e, quando chegou, foi realmente isso que ele que incutiu. Foi muito bem recebido da nossa parte e nós por ele também», começa por dizer. 

Rúben Amorim
5 títulos oficiais

A final frente ao FC Porto foi encarada como «um jogo do campeonato contra uma equipa grande», conta o lateral/extremo. Segundo o próprio, o trabalho de Rúben Amorim nunca se alterava fosse qual fosse o adversário.

«Qualquer jogo é como se fosse praticamente uma final porque ele trabalha e analisa o adversário ao pormenor, seja contra a equipa que está em último lugar no campeonato ou a equipa que está em primeiro lugar. Encarámos tudo com muita tranquilidade, era como se fosse um jogo de campeonato. Não pensámos nisto como se fosse uma final na qual tínhamos um título a ganhar. Claro que todos lá dentro queríamos muito vencer e foi um sentimento muito bom. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.»

Saída para Alvalade? «Temos de estar à espera e percebemos logo a dimensão dele»

À volta de dois meses após a grande conquista, a bomba. Rúben Amorim no Sporting. A conquista, os poucos jogos como treinador e o valor pago - ou não fosse, na altura, o terceiro treinador mais caro do mundo, . suscitaram dúvidas a muita gente... menos ao plantel do SC Braga e a quem convivia com Amorim. Quem o conta é Diogo Viana.

qFicámos tristes porque sabíamos que, com ele, ganharíamos muito

Diogo Viana, ex-jogador do SC Braga e capitão do Trofense

«Quando somos profissionais, temos de estar sempre à espera que este tipo de coisas aconteçam, não só dos jogadores, mas também das pessoas que trabalham à nossa volta. Com poucas semanas de trabalho, percebemos a dimensão de treino do mister Rúben. É o melhor treinador apanhei na carreira. É muito inteligente, tem uma análise aos adversários extraordinária e nós, claro, ficámos tristes porque sabíamos que, com ele, ganharíamos muito. Ficámos tristes porque tínhamos acabado de ganhar um título com ele, mas percebemos completamente. Vejo o trabalho que está a fazer no Sporting sem qualquer surpresa, ele tem muita qualidade.»

A insólita história de Trincão: «Mano, para rebentares com eles tens de beber sangria»

Entre as várias recordações de Diogo Viana sobre este ano, há histórias que saltam à memória do tempo que passou no Minho.

Francisco Trincão deu o salto no SC Braga e, agora, está no Sporting @SC Braga

Por lá, foi colega de equipa de Francisco Trincão e, já que o duelo é um «reencontro de velhos conhecidos», houve um recordação que veio à superfície. Entre risos, Diogo Viana refere que «o Trincão nunca tinha bebido sangria na vida». A gargalhada continuou.

«Ele raramente jogava. Ele entrava esporadicamente nos jogos, mas era miúdo ainda. Entendia que ainda não tinha provado o seu valor, ao contrário do que fazia nas seleções jovens. Era um jogador com um potencial enorme, mas precisava da oportunidade dele para se mostrar. Recordo-me perfeitamente disto. Num almoço de equipa, em que estávamos todos juntos, eu disse ´Mano, para jogares tens de beber sangria. Trincão, vais começar a jogar´. Isto foi a uma quarta-feira e nós tínhamos jogo de apresentação com o Mónaco. O Trincão foi titular nesse jogo, fez uma exibição extraordinária e nunca mais saiu. Foi vendido por 30 milhões de euros. Eu bem disse ´Mano, para começares a jogar e para rebentares com eles, tens de beber sangria´.

É tempo de reencontro e o jogador que passou por SC Braga há quatro anos, mas que fez grande parte da sua formação no Sporting, deseja que seja um bom duelo e que o restante da temporada seja o mais feliz possível para ambos os clubes.

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