Alemanha: crise imobiliária pode ser dramática para a economia

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O valor do parque imobiliário germânico pode perder até 30% do seu valor. Uma boa notícia para os compradores, mas uma péssima entrada nos balanços das imobiliárias e dos bancos.

Desde que a Alemanha teve de ‘desligar’ as suas ligações com a economia russa que os dados macro internos têm vindo a deslizar pela longa montanha criada pela maior economia da União Europeia. Crescimentos endémicos (ou pior ainda), redução acentuada dos níveis de consumo – o que já afeta diretamente a pujança das exportações portuguesas – e a sensação (também entre os empresários) de que alguma coisa gripou no motor da economia do continente.

Desta vez, são os dados do mercado imobiliário alemão que estão a deixar os analistas em estado de alerta: os dados oficiais do gabinete estatístico Destatis mostram que no terceiro trimestre de 2023 os preços das casas caíram em média 10,3% em termos homólogos. Avaliado em 670 mil milhões de euros, suportando mais de 800 mil empresas e dando emprego a cerca de 3,5 milhões de pessoas (10% do total), o imobiliário é um dos pilares da economia – e uma rutura nos seus alicerces é tudo o que a Alemanha e a Europa não precisam neste momento.

Martin Thiel, CEO da TAG Immobilien, grupo que se destaca como um dos maiores proprietários do país, gerou um alerta ao afirmar que o pior ainda pode estar para vir: o imobiliário alemão pode cair até 30% em relação aos máximos estabelecidos em 2022. “Esperamos ainda mais quedas de preços”, disse Thiel, citado pela agência “Reuters”.

A visão catastrófica não é, evidentemente, partilhada por todos: uma descida dos preços pode estragar os balanços das maiores imobiliárias, mas permite o reaquecimento do mercado – e, em princípio, o regresso do crescimento.

A maior empresa cotada na Alemanha, a Vonovia, cortou o valor das suas propriedades em 10% até junho de 2023, resultando em perdas de quatro mil milhões de euros, recorda o jornal “El Economista”. À data, e em declarações à “Reuters”, Rolf Buch, presidente-executivo do grupo, dizia estar “moderadamente otimista de que o pior já passou”.

A saúde do mercado imobiliário afeta diretamente o sistema bancário do país. O supervisor bancário alemão, BaFin, já disse que está a monitorizar o mercado”, ao mesmo tempo que a pressão para que as instituições procedam ao aumento das provisões para acomodar possíveis perdas no quarto trimestre devido vai aumentando.

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