Ángela ajudava a procurar vítimas de cartéis. Foi assassinada no trabalho

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Um homem armado matou a ativista Ángela León, que liderava um grupo de voluntários que procurava algumas das mais de 100.000 pessoas desaparecidas no México, indicou hoje a justiça mexicana. 

O homicida invadiu um salão de beleza na quinta-feira na cidade de Mexicali, na fronteira norte do país, e matou a tiro Ángela León, que aparentemente dirigia o estabelecimento.

Ángela León foi pelo menos a sétima voluntária a ser morta desde 2021. Uma oitava ativista foi raptada em janeiro e desconhece-se o seu paradeiro desde então.

Os procuradores do estado da Baja California, na fronteira norte, prometeram hoje investigar o crime, apesar de existir uma ideia generalizada de impunidade e recursos escassos.

León era a chefe do grupo de busca 'União e Força para os Nossos Desaparecidos', e procurava desde 2018 o seu irmão, José Juan Vázquez, que desapareceu em Tecate nesse ano.

Em comunicado, o grupo disse que a mulher "recebeu ameaças e apresentou queixas, mas eles [autoridades] não fizeram nada!".

Em janeiro, homens armados invadiram uma casa no estado de Guanajuato, no centro do México, raptaram a ativista Lorenza Cano e mataram o seu marido e filho. A mulher continua desaparecida.

Os cartéis de droga mexicanos e os grupos de raptores utilizam frequentemente campas rasas, terrenos baldios ou produtos químicos cáusticos para se desfazerem dos corpos das suas vítimas.

Os voluntários que fazem as buscas conduzem frequentemente as suas próprias investigações, porque as autoridades não têm sido capazes de ajudar.

O Governo mexicano tem investido pouco na procura dos desaparecidos e os voluntários têm de substituir as inexistentes equipas de busca oficiais na caça às valas clandestinas onde os cartéis escondem as suas vítimas. Não há um banco de dados genético para ajudar a identificar os restos mortais encontrados.

Os familiares das vítimas baseiam-se em informações anónimas - por vezes, de antigos membros dos cartéis - para encontrar os locais onde se suspeita que os corpos são despejados.

Segundo relata a agência norte-americana Associated Press (AP), os familiares e grupos de voluntários mergulham longas varas de aço na terra para detetar o cheiro da morte.

Quando encontram algo, o máximo que as autoridades fazem é enviar uma equipa policial e forense para recolher os restos mortais, que na maioria dos casos nunca são identificados, de acordo com a AP, que aponta que os voluntários sentem-se assim apanhados entre duas forças hostis: bandos de traficantes assassinos e um Governo obcecado em negar a dimensão do problema.

Em julho, um cartel de droga usou uma falsa notícia de uma vala comum para atrair a polícia para um ataque bombista mortal à beira da estrada, que matou quatro polícias e dois civis no estado de Jalisco.

Não é totalmente claro quem está a matar estes voluntários que fazem buscas.

Os cartéis já tentaram intimidar os investigadores voluntários no passado, especialmente se eles fossem a locais de sepulturas que ainda estivessem a ser usados.

Há muito que os investigadores voluntários tentam evitar a ira dos cartéis, declarando publicamente que não estão à procura de provas para levar os assassinos à justiça e que apenas querem os corpos dos seus familiares de volta.

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