Apelo de BE não muda atitude do PCP: Paulo Raimundo pede reforço do partido e quer aumentos salariais na saúde

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O apelo do Bloco de Esquerda ao PS para um acordo baseado em “medidas concretas”, lançado por Mariana Mortágua na passada sexta-feira, não alterou a posição dos comunistas. O ex-parceiro de ‘geringonça’ continua sem clarificar se voltará a fazer parte de um acordo à esquerda. “Aquilo que é preciso é resolver o problema das pessoas e para resolver das pessoas, nomeadamente na saúde, a única via é o reforço eleitoral da CDU. Sem esta condição, não há nenhum caminho que se consiga abrir”, respondeu Paulo Raimundo esta segunda-feira, durante uma visita à Unidade de Saúde Familiar (USF) da Alta de Lisboa. Ao lado de João Ferreira, ex-candidato presidencial pelo PCP e vereador em Lisboa, o secretário-geral comunista não quis adiantar mais nada sobre os cenários depois de 10 de março, apesar do seu partido poder voltar a ser necessário para uma maioria parlamentar de esquerda.

Questionado sobre os discursos de Pedro Nuno Santos e de Luís Montenegro sobre a saúde, feitos no fim-de-semana, Paulo Raimundo disse que o novo líder do PS e e o dirigente do PSD têm "responsabilidades" nesta matéria e que notou - em ambos - "peso de consciência".

O secretário-geral do PCP aproveitou a visita a mais uma USF para anunciar que o partido vai apresentar "em breve" propostas para aumentos salariais dos profissionais do setor da saúde no sentido de promover o seu "regresso" ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Vamos avançar com a majoração salarial de 50% com 25% de reconhecimento do tempo de serviço. São medidas que não resolvem tudo, mas incentivam o retorno dos médicos ao Serviço Nacional de Saúde, assim como dos enfermeiros", disse.

"É preciso criar condições para se fixarem os profissionais para que se possam responder aos problemas dos utentes (...) a partir destas ideias centrais: valorizá-los, respeitá-los e criando condições de trabalho e incentivos para que voltem ao Serviço Nacional de Saúde", acrescentou.

No local, mais de cinquenta pessoas mantinham-se na fila na rua desde as cinco horas da manhã, expostas a baixas temperaturas, aguardando a abertura da unidade de saúde para a marcação de consultas e atendimento que só começa às oito horas.

De acordo com o PCP, a USF da Alta de Lisboa dispõem de "quatro médicos para trinta mil utentes". Paulo Raimundo ouviu as queixas dos utentes e reiterou que a situação no setor é "grave" e acrescentou que, neste momento e tendo em conta as eleições legislativas de março, "não vale a pena" fazer "conjunturas" ou cenários de "alta pressão, média pressão ou de pequena pressão" porque, frisou, "é preciso abrir caminhos concretos para resolver o problema das pessoas".

"Se alguém disser que vai resolver o problema de um dia para o outro está a mentir ou então estamos neste espírito de promessas que chovem todos os dias. Não é possível resolver as coisas de um dia para o outro, mas é possível abrir um caminho", disse.

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