Após negar genocídio, Rangel fala em "gesto inédito" para com Palestina

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Portugal, com outros 142 países, votou na semana passada a favor de uma resolução que concede "direitos e privilégios adicionais" à Palestina e apela ao Conselho de Segurança que reconsidere favoravelmente o seu pedido de adesão plena à organização.

Foi "um gesto inédito na diplomacia portuguesa" e "portanto, Portugal está claramente nesta linha", sublinhou hoje Paulo Rangel, numa conferência de imprensa em Madrid, ao lado do homólogo de Espanha, José Manuel Albares, com quem se reuniu esta terça-feira.

Rangel destacou que "foi um voto a favor, sem qualquer condição" e, sobre a possibilidade e o momento de Portugal reconhecer o Estado palestiniano, reiterou que o Governo português está ainda "em consultas".

"No caso português, o que nós considerámos adequado neste momento, foi fazer esse voto favorável sem qualquer restrição, condicionamento, mas não avançar para o reconhecimento formal [do Estado da Palestina]", acrescentou.

O ministro defendeu que "cada Estado tem a sua vocação e tem a sua forma de olhar para esta questão" e afirmou que Portugal está "a desempenhar um papel importante" junto dos países da União Europeia (UE) "que estavam mais relutantes" em votar favoravelmente na Assembleia-Geral da ONU ou em relação ao próprio princípio de reconhecer o Estado palestiniano.

"Considerámos que a posição que tomámos foi a posição certa. É a posição certa para trazermos alguns Estados mais hesitantes, com dúvidas, relutantes, para o lado que mais pode levar à solução dos dois Estados" no Médio Oriente (Israel e Palestina), disse Rangel.

O ministro português respondeu assim a questões dos jornalistas sobre os motivos por que Portugal não avança, como Espanha já anunciou que pretende fazer em breve, para o reconhecimento formal do Estado da Palestina, atendendo ao voto na Assembleia-Geral da ONU.

Rangel voltou a dizer que "há um larguíssimo consenso entre Portugal e Espanha" nesta questão.

Neste contexto, disse que os dois países coincidem na defesa do cessar-fogo imediato no território palestiniano da Faixa de Gaza, no pedido da libertação imediata dos reféns israelitas que estão nas mãos do grupo islamita Hamas e no pedido de entrada de ajuda humanitária em Gaza, onde se vive "uma catástrofe".

Rangel disse que, como Espanha, Portugal considera que "a solução dos dois Estados é absolutamente fundamental" para a paz no Médio Oriente e que, embora "por razões trágicas", há neste momento "uma oportunidade única" de a retomar.

"Essa solução de dois Estados é algo em que estamos profundamente de acordo", afirmou Paulo Rangel.

Recorde-se que, esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros recusou chamar de genocídio ao que está a acontecer em Gaza, considerando que seria "injusto" dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano, mas realça a existência de uma catástrofe humanitária.

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