Apostas valiosas atraem 44% dos jogadores para sites não licenciados, muitos não sabem da ilegalidade

1 mes atrás 63

Ricardo Domingues, presidente da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online. FOTO: Gonçalo Costa Martins - Antena 1

Quatro em cada dez jogadores online utilizam plataformas que não estão licenciadas em Portugal, atraídos pela maior oferta de jogos e possibilidade de ganhos maiores. No entanto, a maioria não sabe que esses operadores são ilegais.

O estudo deste ano da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online, que olhou para os hábitos de jogo online dos portugueses, registou que 2,6% dos utilizadores jogam apenas em plataformas ilegais, enquanto 41% usa as ilegais e as licenciadas.

As duas percentagens juntam (43,6%) estão longe dos 56% registados em 2019, mas é o segundo ano consecutivo de subida, depois de em 2021 os jogadores que utilizavam plataformas ilegais representarem 39,8%, valor que em 2022 foi de 42,6%.

No entanto, nem todas as pessoas têm a noção de que usam plataformas ilegais. Dentro dos mil entrevistados, 390 identificaram os sites online onde jogaram - que na verdade são ilegais. A maioria dentro deste número acaba por não perceber que os sites não são licenciados.

Fazer frente aos operadores ilegais é "desafio"

No entender da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online, a literacia tem de ser trabalhada, mas, ao mesmo tempo, repara que há várias formas de jogo que os 17 operadores licenciados não podem praticar. Os restantes fazem-no à margem das regras portuguesas. 

No inquérito realizado, os jogadores destacaram que gostavam de ver nas plataformas licenciadas uma maior oferta de apostas desportivas, a possibilidade de combinar apostas dentro do mesmo jogo (Betbuilder) e um casino ao vivo.

Olhando para estas e outras formas de jogo, o presidente da associação, Ricardo Domingues, diz que "existem alguns fatores que levam a que os consumidores apostem também nos sites ilegais, nomeadamente mais ofertas promocionais e preços mais competitivos", pelo que "dentro do mercado regulado acaba por ser um desafio lá chegar".

"Cabe ao regulador e ao próprio governo, caso seja necessária alguma alteração legislativa" possibilitar "que sejam introduzidas outras formas de jogo", aponta Ricardo Domingues, assumindo que é um desafio cativar jogadores.


Entre os principais motivos apontados para as plataformas ilegais serem as preferidas de uma fatia dos jogadores, estão as melhores odds (valores mais altos nas apostas, relacionados com probabilidades), bónus e oferta de jogos.

A Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO) reforça o apelo na luta contra o jogo ilegal, pedindo fiscalização ao regulador, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, mas também a proibição dos meios de pagamento que os operadores do mercado regulado usam.

Ricardo Domingues repara também na existência de uma estratégia recorrente de promoção das plataformas não licenciadas através de influenciadores digitais. Comunicam de forma "impune", até com "práticas muito agressivas, focando no ganho fácil e não falam de perdas".


Este ano a APAJO já apresentou queixas-crime junto do Ministério Público contra cinco influenciadores digitais: ritinhayoutuber, GODMOTA, Bruno Savate, Numeiro e Cláudia Nayara.

Contactada pela Antena 1, o Ministério Público não esclareceu até ao momento o estado destas queixas.

Já o regulador, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, refere à rádio pública que desde junho de 2015 já enviou 1.245 notificações a operadores ilegais para encerrarem a atividade em Portugal, um trabalho que não é fácil porque muitos continuam, mas mudam o site.

Foram apresentadas também 30 participações ao Ministério Público. O regulador diz ainda à Antena 1 que trabalha, quando é necessário, com os reguladores de outros países no combate ao jogo ilegal.

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