"Assustador, não é a França que conheci”: como os franceses veem as eleições que deixaram a extrema-direita às portas do poder

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O último domingo foi de primeira volta das eleições legislativas antecipadas em França. A União Nacional, partido de extrema-direita de Marine Le Pen e Jordan Bardella, venceu com 34% dos votos.

O fim de uma era. A extrema-direita às portas do poder ou a batalha entre os extremos. As capas dos jornais franceses espalham o choque da extrema-direita poder chegar ao poder, pela primeira vez, desde a vitória contra o fascismo na Segunda Guerra Mundial.

“É assustador. A extrema-direita é um choque”, afirma Lisa-Lou Xavier, uma cidadã francesa de 20 anos.

“Estou um bocado despontado com a França, na verdade. Não é a França que conheci em criança”, declara Mbengnguema Symphorienne, francesa, de 49 anos.

“Eu já esperava, de certa forma, não fiquei muito chocado. Mas vamos ver como as coisas evoluem, isto ainda não acabou. Ainda pode haver surpresas”, diz Matthieu Thouktah, um francês de 23 anos.

À semelhança de eleições anteriores, os números da primeira volta, que aconteceu no último domingo, podem voltar a suscitar uma aliança entre a frente de esquerda e o campo centrista e liberal do atual presidente. Mas, desta vez, as posições políticas parecem mais extremadas.

“O problema é que já não consigo diferenciar Macron da extrema-direita", atira Denis, cidadão francês, de 56 anos.

“As pessoas têm medo. Foram precisamente as pessoas que têm medo que votaram na União Nacional”, interpreta Margarita Simonova, francesa de 43 anos.

Os líderes do partido mais votado, de extrema-direita, preparam já a estratégia para a segunda volta. Jordan Bardella, o presidente da União Nacional, declara a ambição de uma “maioria absoluta”, apelando ao voto de todos os eleitores da direita, do centro e também da “esquerda razoável”, nas palavras do próprio. “Os que não querem ver Jean-Luc Mélenchon tornar-se primeiro-ministro de França”, precisou.

Quem quer, a todo o custo, evitar uma maioria absoluta - que implicaria uma coabitação forçada com a extrema-direita - é Emmanuel Macron, o homem que convocou estas eleições antecipadas. Segundo fonte do Eliseu, o presidente francês terá terminado uma reunião à porta fechada com a expressão “ao ataque”.

Mas no seio de uma eventual futura frente republicana, que junte o segundo e terceiro partidos mais votados contra a extrema-direita, surgiram já as primeiras brechas.

Bruno Le Maire, ministro francês da Economia e das Finanças, declarou que, mesmo sendo contra a União Nacional, não vota na França Insubmissa, que acusou de tomar posições “contra a França”, violentas e antissemitas. Palavras que suscitaram o repúdio da líder dos verdes, Marine Tondelier, líder dos Verdes, que integra a nova frente popular.

A segunda volta das eleições francesas está marcada para o dia 7 de julho.

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