A Polícia de Segurança Pública (PSP) alerta, em comunicado, para o aumento significativo do número de burlas no nosso país, indicando que representam “mais de 17% de toda a criminalidade” denunciada na área da sua responsabilidade.
Segundo os dados disponibilizados, a PSP registou 19.653 crimes de burla em 2021, 23.982 em 2022, e 30.342 no ano passado.
“As burlas são as grandes responsáveis pelo aumento da criminalidade geral denunciada em 2023, representando 17,44% de toda a criminalidade denunciada na área de responsabilidade da PSP”, lê-se no documento.
A PSP nota que apesar de existir um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio.
Os idosos continuam a ser as vítimas preferenciais dos burlões no que concerne à modalidade de atuação de forma presencial embora nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, os suspeitos tenham atingido também vítimas cujas idades são transversais a todas as faixas etárias.
Apesar do elevado número de denúncias de burlas, a taxa de detenções é diminuta, tendo em conta a dificuldade “em detetar o suspeito em flagrante delito e proceder à sua detenção”, indica a polícia que deteve 38 pessoas, em 2021, 58, em 2022, e 79, em 2023.
Segundo a PSP, estamos perante uma tipologia de crime bastante complexa de se investigar, “dificultando a identificação de potenciais suspeitos e a sua consequente detenção”, assinalando ainda que esta força de segurança “não detém a total competência de investigação de burlas, conforme determina a Lei de Organização da Investigação Criminal, o que limita o efeito de polícia de investigação criminal próxima e oportuna”.
Segundo a força de segurança, em 2023 as burlas foram responsáveis por um prejuízo de valor patrimonial superior a 110.339.200 euros, triplicando o valor do prejuízo verificado em 2022 que foi de 34.989.992 euros.
Conselhos da PSP para prevenir e evitar burlas:
Não faça qualquer tipo de transferência de dinheiro para pessoas que anunciam na Internet, sem que esteja certo que o anunciante é legítimo;
Guarde todas as trocas de e-mails, fotos e mensagens, caso o arrendamento não corra como acordado ou tenha sido vítima de burla e denuncie de imediato o crime às autoridades;
Após efetuar o pagamento, se o anunciante informar que não recebeu qualquer valor ou que existem problemas no seu processamento, solicitando um novo pagamento, contacte imediatamente o banco tentando perceber a veracidade da situação. Caso se verifique a existência de fraude cancele, imediatamente o pagamento já efetuado;
Não aceda a endereços enviados através de e-mails de outas plataformas para efetuar o negócio, pois poderá estar a ser enviada uma página falsa;
Solicite referências ou dados adicionais sobre os produtos à venda, os imóveis a arrendar ou genericamente o objeto do contrato (exemplos de outras fotos, em perspetivas específicas, entre outros);
Pesquise os dados e contactos do anunciante, pois poderá haver referências a burlas anteriores, especialmente em fóruns ou blogues temáticos;
Desconfie dos anúncios em que os preços são claramente abaixo do valor de mercado, ainda que tal preço tenha por base, alegadamente, um motivo válido;
Anúncios que perdurem no tempo têm maior probabilidade de ser verdadeiros pois, após as primeiras denúncias, a maioria dos servidores elimina os anúncios e os anunciantes;
Pesquise as imagens apresentadas do anúncio a fim de verificar se são verdadeiras ou retiradas de outras plataformas;
Desconfie dos proprietários que não disponibilizam um contacto telefónico no anúncio, que o número seja estrangeiro ou que nunca se consiga estabelecer contacto;
Desconfie quando o anúncio é mal redigido, ou na troca de e-mails existam erros gramaticais, de pontuação ou tempos verbais incorretos, indicativos de que foram utilizados tradutores;
Incoerência entre o idioma do proprietário, nacionalidade, número de telefone, país de residência e origem do IBAN, é indiciário de burla;
Não efetue transferências para contas bancárias estrangeiras, pois normalmente são utilizadas em esquemas fraudulentos.
Conselhos para burlas efetuadas de modo presencial:
Se detetar algum movimento estranho no seu prédio ou bairro, contacte de imediato a PSP;
Fale com os Polícias do policiamento de proximidade e transmita-lhes todos os pormenores que possam parecer suspeitos, como pessoas e viaturas “novas” na sua rua, anotando características e matrículas. Tenha os contactos de emergência e da Esquadra da área sempre em local de fácil acesso;
Se baterem à sua porta para pedir informações, não a abra. Oiça o recado e registe em papel. Se abrir a porta, mantenha sempre a corrente de segurança e não permita que estranhos entrem na sua residência;
Não faculte os seus dados pessoais, nem responda a questionários sobre si, sem saber se é fidedigno e a que empresa pertence. Pode ligar para a empresa em questão e confirmar a existência desse inquérito ou levantamento de dados;
Não receba nenhuma encomenda que não tenha solicitado ou que não venha em seu nome;
Não diga a ninguém se possuir objetos valiosos na sua casa e não comente hábitos ou rotinas da família com outras pessoas. Não tenha grandes quantias de dinheiro em casa e guarde os objetos de valor em cofres;
Não se deixe enganar com a presença de crianças.