Caças da Força Aérea Brasileira (FAB) intercetaram e obrigaram esta segunda-feira a aterrar de emergência uma aeronave suspeita que sobrevoava a reserva indígena Yanomami, no interior do estado de Roraima, extremo norte do Brasil, e cujo piloto se recusou a identificar e declarar a razão do voo e o destino. Sob rajadas de metralhadora disparadas pelos caças, o piloto teve de aterrar como pôde numa estrada de terra dentro da reserva utilizada como pista por mineiros ilegais que atuam na região, riquíssima em ouro e outras matérias de elevado valor.
A aeronave, uma avioneta Cessna 182, foi detetada pelos radares da região amazónica num voo que os militares avaliaram como suspeito, e a Força Aérea começou a monitorizá-la e informou a Polícia Federal sobre a presença do aparelho. Quando a avioneta se aproximou da TI Yanomami (Terra Indígena Yanomami), uma área restrita desde fevereiro do ano passado e exclusiva para aeronaves militares em missões humanitárias ou de defesa, o alerta foi dado e três caças foram enviados em direção ao invasor.
Chegando perto da avioneta, os pilotos dos caças fizeram várias tentativas de contacto por rádio com o piloto da aeronave suspeita, exigindo que se identificasse e explicasse o que estava a fazer numa área proibida, mas não obtiveram resposta. Após autorização do comando regional da FAB, rajadas de aviso foram disparadas e o piloto da aeronave, que até aí tinha tentado fugir dos caças, mas sem sucesso, ante a iminência de poder ser abatido foi obrigado a aterrar às pressas no primeiro local possível, uma espécie de pista improvisada no meio da floresta.
Assim que a aeronave suspeita aterrou, um helicóptero da FAB foi enviado também para o local, com militares da Força Aérea e agentes da Polícia Federal, mas quando chegaram o piloto da avioneta já tinha desaparecido, fugindo pelo meio da mata.
Até esta terça-feira, nem a FAB nem a Polícia Federal divulgaram o que foi encontrado na avioneta, mas este tipo de aparelho naquela região costuma transportar droga proveniente de algum país que faz fronteira com o Brasil, ou então servir como abastecimento de alimentos e equipamentos para mineiros ilegais que extraem ouro ilicitamente nas terras indígenas.