Candidata dos Verdes para Comissão Europeia lamenta peso da extrema-direita em Portugal

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Em entrevista a jornalistas das agências de notícias europeias, incluindo a Lusa, e a propósito do crescimento da extrema-direita em Portugal, onde já é a terceira força política e que pode conquistar mais espaço no panorama político nacional, Terry Reintke considerou que é um "desenvolvimento muito negativo" para o país.

"Durante muitos anos não havia uma extrema-direita forte. É um desenvolvimento muito negativo e acho que é, claramente, uma ameaça o crescimento da extrema-direita nestas eleições europeias", acrescentou, já perspetivando um cenário para depois das eleições que se realizarão entre 06 e 09 de junho.

Terry Reintke, eurodeputada alemã, quer ser um dos dois candidatos dos Verdes no Parlamento Europeu (PE) à candidatura para presidente da Comissão Europeia, conhecido como "Spitzenkandidaten".

"No entanto, não quero dizer que isto é uma profecia praticamente concretizada [o crescimento da extrema-direita no PE], a mudança política para a direita não é um automatismo fatal", completou.

E para evitar a implantação da extrema-direita, a eurodeputada que quer ser um dos "Spitzenkandidaten" pelos Verdes (este grupo político tem uma lógica bicéfala para presidir à Comissão Europeia) propõe uma "estratégia tripartida".

"Em primeiro lugar, é preciso contrariar as ideias de ódio e divisão, de querer instrumentalizar grupos específicos, da sociedade, uns contra os outros. Nós, os Verdes, vamos fazê-lo firmemente [...]. Em segundo lugar, como assistimos recentemente na Alemanha, é preciso lembrar os partidos conservadores e liberais, que os eleitores não apreciam a tentativa de acabar com o cordão sanitário à extrema-direita que a exclui do Parlamento Europeu", sustentou a eurodeputada ecologista.

Finalmente, Terry Reintke defendeu que combater a extrema-direita não se faz simplesmente com oposição: "É preciso falar em simultâneo das alternativas".

"É compreensível que os cidadãos sintam menos segurança", referiu, aludindo a uma das principais bandeiras de todos os partidos de extrema-direita, já que "há uma ordem mundial cada vez ameaçada, as pessoas estão com dificuldades de subsistências".

Por isso, advogou, é preciso dar "resposta às lutas diárias" dos cidadãos europeus, para que não abracem as ideias da extrema-direita.

Questionada sobre o que a levaria a sair da corrida para ser candidata a presidente da Comissão e a apoiar Ursula von der Leyen, que quer ser a "Spitzenkandidaten" do Partido Popular Europeu e ser reconduzida, Terry Reintke respondeu que a transição digital -- "apesar de não ser tão ambiciosa como os Verdes gostariam" -- é fundamental para equacionar esse cenário.

"A continuação do caminho do `Pacto Verde` e excluir qualquer reversão daquilo que conseguimos esta legislatura é essencial para nós. O `Pacto Verde` está intimamente ligado ao investimento: é importantíssimo atingi-lo em 2040, ainda melhor era em 2030. Mas para atingirmos este objetivo é necessário um plano de investimento na próxima legislatura", advertiu, colocando mais uma imposição a von der Leyen.

"O trabalho de casa ainda está por fazer", completou, advertindo que há mais uma condição para os Verdes equacionarem um apoio a uma recandidatura da antiga ministra da Defesa alemã: "Não pode haver maiorias de qualquer tipo que integrem a extrema-direita, é preciso haver um compromisso claro com o Estado de direito e a democracia".

Se o Partido Popular Europeu -- grupo político de von der Leyen que também integra PSD e CDS-PP -- "tentar um acordo de coligação" com a extrema-direita no PE, será "um claro perigo a todas as conquistas da presente legislatura, que poderiam ser revertidas ou, no mínimo, impedidas de avançar".

"Isso é um assunto-chave para apoiarmos Ursula von der Leyen na próxima legislatura", finalizou.

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