Caso EDP? Bloco de Esquerda alerta que "justiça tarda"

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"Eu tinha 27 anos quando fiz a comissão de inquérito ao BES e quando a maior parte destes casos foram conhecidos, revelados, até enviados ao Ministério Público. Este mês faço 38 anos. Isso dá-nos uma noção da demora da justiça em Portugal: a justiça para ser justiça tem que ser feita em tempo útil, e em Portugal demora demasiado", defendeu Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas, em Braga.

À margem de uma arruada no centro de Braga, na campanha para as eleições europeias de domingo, Mariana Mortágua foi questionada sobre o facto de o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado terem sido hoje condenados a penas de 10 anos e de seis anos e três meses de prisão, respetivamente, no julgamento do Caso EDP.

Mortágua, que chegou a ser apelidada de "estrela portuguesa" pela Bloomberg, em 2015, devido à performance na comissão de inquérito do BES, considerou positivas as condenações, mas lamentou a demora na Justiça e pediu mais meios para investigação para que exista "mais celeridade"

"Depois do caso BES fizemos uma comissão de inquérito às rendas da EDP, em que tudo isto foi investigado, apresentámos as provas, chegámos a conclusões, como é que podemos admitir que tenhamos que esperar uma década para ter uma acusação de uma pequena ponta do enorme icebergue destes processos?", lamentou.

A cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins, foi a primeira a lembrar que Mariana Mortágua tinha 27 anos quando "fez uma das melhores comissões de inquérito do parlamento" e usou o caso para deixar um apelo ao voto no BE.

"Se alguém acha que eleger deputados e deputadas não vale de nada, eu acho que no BE nós temos o melhor exemplo. (...) A justiça, é verdade, tarda mas nós não tardamos, estamos muito orgulhosos deste trabalho", afirmou.

Depois de Mariana Mortágua ter traçado o objetivo de eleger dois eurodeputados no domingo, a coordenadora do partido foi hoje questionada sobre se a falha desse número será vista como uma derrota. 

"Eu acredito que vamos eleger dois eurodeputados e esse é o único cenário que coloco neste momento. Acredito nisso com boas razões porque acho que quem votou no Bloco de Esquerda, quem votou no Miguel Portas, na Marisa Matias, na Catarina Martins, no José Gusmão, nunca se arrependeu. Essa é a diferença sobre ter deputados que dão garantias no Parlamento Europeu", respondeu Mortágua.

Num dia em que as comitivas do BE e do Chega andaram desencontradas pelas ruas do centro histórico de Braga, com duas arruadas, Catarina Martins lembrou que hoje se assinalam os 80 anos do desembarque dos aliados ocidentais na Normandia, o célebre Dia D, decisivo para o fim da II Guerra Mundial, e aproveitou para deixar alertas sobre "os perigos da extrema-direita".

"Que ninguém se engane sobre os perigos da extrema-direita, da política do ódio, saibamos aprender com a História. E saibamos, na medida do tempo em que vivemos, ir até ao voto no domingo votar pela paz, contra o ódio, pelos direitos de todas as pessoas, pela saúde, pela educação, votar para podermos andar todos e todas de cabeça erguida e esse sabem, é o voto no BE", apelou.

Cerca de meia hora depois de a arruada do BE ter terminado o seu percurso e dispersado, na Praça da República, ouviram-se novos tambores e cânticos, desta vez do Chega.

Em dia de anúncio pelo Banco Central Europeu (BCE) da descida das taxas de juro, Catarina Martins considerou que o anúncio "vem tarde" e é preciso que "desça muito mais".

"O BCE tem que saber respeitar as pessoas. Já salvámos vezes demais os bancos, este é o tempo de salvar as pessoas, é por isso que nos candidatamos", afirmou.

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