CDU considera que redução do passe prova que é possível contrariar UE

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Num discurso no final de uma sessão sobre mobilidade em Gondomar, no distrito do Porto, João Oliveira recordou a sua "outra incarnação na Assembleia da República" - numa alusão aos tempos em que foi deputado e líder parlamentar do PCP, de 2005 a 2022 -, para salientar que, durante 20 anos, o partido procurou criar um passe intermodal que combinasse vários meios de transporte e reduzisse o preço.

O candidato salientou que CDU conseguiu esse objetivo quando teve um "papel decisivo e determinante nas questões nacionais", referindo-se à 'geringonça', também devido à luta e revindicações das populações.

"E reparem que conseguimos esta medida exatamente contrariando as orientações que vieram da União Europeia (UE), porque essas orientações não vão no sentido de garantir soluções como esta que nós conseguimos com o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes (PART)", disse.

Para João Oliveira, essas orientações "não vão no sentido de reforçar a procura das pessoas pelo transporte público, de reforçar os mecanismos de resposta pública ao direito à mobilidade, de utilizar verbas do Orçamento do Estado".

"Pelo contrário, vão no sentido da liberalização, transformando os direitos em negócios, vão no sentido da entrega das empresas públicas a grandes multinacionais, (...) vão no sentido exatamente oposto daquele que foi apontado com a medida do PART. Mas, com a luta das populações a nossa intervenção, nós conseguimos que essa medida se concretizasse, enfrentando essas orientações da UE e contrariando o seu sentido", frisou.

O candidato recorreu também a esta medida para criticar os partidos que "falam sobre os problemas ambientais como se tivessem descoberto algo que antes nunca ninguém viu", acrescentando que, "em alguns casos, alguns desses partidos estão a chegar 40 anos atrasados àquilo que o PEV há 40 anos chamou a atenção".

"E ainda vão ter de pedalar muito para conseguirem dizer que algum dia contribuíram para uma decisão com um impacto ambiental tão positivo como foi a decisão da criação do PART e com o favorecimento da utilização do transporte público para o qual o PCP e o PEV foram de facto as forças determinantes", salientou.

Neste discurso, João Oliveira voltou a defender que as políticas da UE, aceites pelos governos do PS, PSD e CDS, "prejudicaram o povo e o país", criticando em particular "os pacotes de liberalização dos transportes" ou "as orientações para a incapacitação dos serviços públicos".

O cabeça de lista da CDU salientou que, "em Portugal, os governos decidiram, por exemplo em relação à ferrovia, separar o carril do comboio, separar a CP da REFER".

"A Alemanha e a França não fizeram isso: estão dentro da mesma UE, sujeitas às mesmas políticas. Nós somos mais parvos do que os alemães ou os franceses? Não , temos tido é governo que, de forma mais vincada do que outros, se têm colocado nesse papel que querem ser de bons alunos da UE", criticou.

No final do discurso, João Oliveira voltou a insistir que é necessário, na reta final da campanha, os militantes da CDU terem o "descaramento" e "atrevimento" de desafiar pessoas a votar na CDU, mesmo aquelas que se sabe ou se suspeita que votam noutros partidos.

"Porque, se a gente nunca desenganar aqueles que andam a dar força a quem os prejudica, isto também nunca mais anda para a frente. Portanto, a gente também de ir à procura daqueles que sabemos ou suspeitamos que votam noutros partidos, contra os seus próprios interesses, direitos e condições de vida", disse.

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