31 out, 2024 - 15:13 • Reuters
De acordo com os investigadores, a jovem teria entre 18 e 20 anos quando morreu e a análise do crânio de Zosia sugere que sofria de um problema de saúde que a faria desmaiar e ter fortes dores de cabeça, além de possíveis problemas de saúde mental.
Enterrada com um cadeado no pé e uma foice de ferro no pescoço para que não pudesse regressar dos mortos, "Zosia" era uma das dezenas de pessoas que os vizinhos temiam que fosse um “vampiro”.
A jovem tinha sido sepultada, há cerca de 400 anos, num cemitério em Pien, no norte da Polónia.
Agora, recorrendo ao DNA, impressão 3D e argila de modelagem, uma equipa de cientistas reconstruiu o rosto desta jovem. "É realmente irónico, de certa forma”, disse o arqueólogo sueco Oscar Nilsson, explicando que "as pessoas que a enterraram, fizeram tudo o que podiam para evitar que ela regressasse dos mortos... Nós fizemos tudo o que podíamos para que ela regressasse à vida".
Zosia, como era chamada pelos habitantes locais, foi encontrada em 2022 por uma equipa de arqueólogos da Universidade polaca Nicolaus Copernicus de Torun.
De acordo com os investigadores, a jovem teria entre 18 e 20 anos quando morreu e a análise do crânio de Zosia sugere que sofria de um problema de saúde que a faria desmaiar e ter fortes dores de cabeça, além de possíveis problemas de saúde mental.
O túmulo de "Zosia" era um dos 75 identificados no cemitério não identificado de Pien, nos arredores da cidade de Bydgoszcz. Entre os outros corpos que se encontravam no local, havia uma criança “vampira”, enterrada com a face para baixo e também com um cadeado no pé.
Pouco se sabe sobre a vida de "Zosia", mas Nilsson e a equipa de Pien dizem que os objetos com que foi enterrada sugerem que fosse de uma família rica - possivelmente nobre. A Europa do século XVII, onde viveu, foi devastada pela guerra, algo que Nilsson sugere ter criado um clima de medo, durante o qual a crença em monstros sobrenaturais era comum.
O processo de Nilsson começa com a criação de uma réplica impressa em 3D do crânio, antes de construir gradualmente camadas de plasticina “músculo a músculo” para formar um rosto realista. Utiliza a estrutura óssea combinada com informações sobre o género, a idade, a etnia e o peso aproximado para estimar a profundidade das caraterísticas faciais.
“É emocionante ver um rosto regressar dos mortos", diz Nilsson, "especialmente quando se conhece a história desta jovem rapariga".
Nilsson diz que espera mostrar Zosia “como um ser humano e não como o monstro que a enterraram”.