Colômbia corta relações diplomáticas com Israel

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No comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano acrescentou que deu também início aos preparativos para a saída dos diplomatas israelitas na Colômbia.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Colômbia informa que ontem [quinta-feira] foi oficialmente entregue ao embaixador de Israel na Colômbia [Gali Dagan] a Nota Verbal sobre a decisão do Governo de romper as relações diplomáticas com o Estado de Israel a partir de hoje", lê-se no comunicado.

Quarta-feira, durante um discurso nas celebrações do 1.º de maio, Petro, um fervoroso apoiante da causa palestiniana, disse aos trabalhadores reunidos na Praça de Bolívar, em Bogotá, que a partir do dia seguinte as relações diplomáticas com o Estado de Israel seriam rompidas "por ter um governo e um Presidente genocidas".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano disse também hoje que "o embaixador foi informado de que, através do Departamento de Protocolo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, será coordenado o procedimento e o calendário para a partida do pessoal diplomático, ao mesmo tempo que foi ratificada a intenção de manter a atividade das respetivas Secções Consulares em Telavive e Bogotá".

Depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter publicado a declaração, Petro voltou a referir-se à guerra em Gaza e criticou os bombardeamentos de Israel.

"A Colômbia não pode estar ao lado do genocídio. O direito internacional deve ser preservado para acabar com a barbárie", afirmou.

O embaixador Dagan não comentou o rompimento das relações diplomáticas nem o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Também num comunicado, mas divulgado quinta-feira, o Governo colombiano garantiu que a rutura diplomática não é dirigida contra o povo israelita ou contra as comunidades judaicas, "pois os dois países estão "unidos por laços históricos e de amizade que persistirão".

No entanto, o corte das relações diplomáticas foi amplamente criticado no país por diferentes setores que consideram que a decisão de Petro não terá qualquer impacto na guerra de Gaza, mas poderá prejudicar a Colômbia, que tem laços estreitos com Israel, especialmente em termos militares, económicos e comerciais.

Israel é um fornecedor tradicional de armas, equipamento militar, dispositivos médicos, maquinaria, sistemas de segurança e produtos químicos à Colômbia, que, por sua vez, exporta principalmente carvão, café, flores e produtos de confeitaria.

A decisão de Bogotá surge um dia após a Turquia ter suspendido as relações comerciais com Israel, depois de já ter restringido as exportações para este país em abril, anunciou o Ministério do Comércio turco, decisão "aplaudida" pelo Hamas.

Em resposta à guerra em Gaza e à crescente insatisfação entre a população turca contra a manutenção de relações comerciais com Israel, a Turquia já tinha restringido no início de abril as exportações de muitos bens, incluindo aço, ferro e alumínio.

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, acusou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de "quebrar acordos ao bloquear as importações e exportações israelitas nos portos".

Desde o início da guerra, a 07 de outubro de 2023, Israel e o Hamas só chegaram a um acordo de tréguas, no final de novembro. Durou uma semana e permitiu a libertação de 105 reféns, dos quais 80 israelitas e cidadãos de dupla nacionalidade, trocados por 240 palestinianos detidos por Israel.

A 07 de outubro, os comandos do Hamas levaram a cabo um ataque no sul de Israel que causou a morte de cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelitas. 

Segundo Israel, mais de 250 pessoas foram raptadas e 128 permanecem em cativeiro em Gaza, 35 das quais terão morrido.

Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma vasta ofensiva na Faixa de Gaza, que já causou mais de 34.600 mortos, na sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do movimento palestiniano.

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