Foi há poucos dias que a Sony Interactive Entertainment Portugal anunciou que o Access, o novo comando acessível e altamente personalizável para a PlayStation 5, já está à venda em todo o país.
Criado para um acesso fácil, o Access™ pode ser operado em qualquer orientação em 360° e utilizado em superfícies planas ou ser acoplado a um suporte de padrão AMPS. Desenvolvido em colaboração com a comunidade de acessibilidade, o Access permite aos jogadores criarem o seu próprio esquema com os botões trocáveis, personalizarem a sua cobertura do manípulo de acordo com as suas preferências, ajustarem o seu braço do manípulo para o máximo de conforto, criarem perfis personalizados reconfigurando os botões, atribuírem dois controlos ao mesmo botão, configurarem botões para fazerem toggle on/off, ajustarem a sensibilidade dos manípulos e a zona morta e, entre outras coisas, alternarem rapidamente entre perfis personalizados.
E para destacar todas as virtudes deste novo comando, a PlaySation Portugal juntou duas figuras das redes e que são também vozes ativas na defesa da acessibilidade para todos. São eles Pedro Teixeira e Catarina Oliveira. Que é como quem diz 'Tecla3' e 'Uma Espécie Rara Sobre Rodas', respetivamente. Dois influencers que sabem bem do que falam e que explicaram a Record a importância de um acessório como este para um futuro risonho do universo dos videojogos.
Um comando que pode mudar muito a experiência de jogo
Como foi o primeiro impacto ao saberem que a Sony tinha desenvolvido este comando?
Pedro Teixeira: Foi incrível ver que grandes marcas como a Sony, mais concretamente a PlayStation, estão a pensar também nas pessoas com deficiência. Desde a primeira hora que fiquei entusiasmado para testar e para perceber se iria mudar alguma coisa na maneira como olho para os videojogos. E de facto mudou...
Catarina Oliveira: Fiquei muito entusiasmada, porque acrescentar acessibilidade a pessoas que se sentem excluídas na nossa sociedade é um destaque muito positivo. Só vem acrescentar e dar valor à marca.
E como foi receberem o convite para serem o rosto desta iniciativa vanguardista?
Catarina Oliveira: Sou uma pessoa com deficiência motora nos membros inferiores, não tenho nenhum constrangimento nos membros superiores. A minha utilização é feita muito na perspectiva de dar voz e visibilidade a estes produtos. Quando recebi este comando questionei.me se tinha sido feito em conjunto com a comunidade. Porque acho que isso é super importante. Percebi que qualquer pessoa pode jogar com este comando. A verdade é que qualquer pessoa o pode usar. E eu, sem condicionamento nos membros superiores, acabo por analisar e destacar o mais relevante, porque a acessibilidade é muito importante.
Pedor Teixeira: Foi um enorme gosto, porque em fevereiro deste ano ja tinha lido sobre a apreentação que tinha sido feita na CIB 2023, onde foi revelado o projeto. Fiquei bastante entusiasmado e curioso com todas as potencialidades que prometiam. E agora receber da Playstation Protugal o comando e poder testar foi muito enriquecedor. Mudou a forma como olho para os videojogos da PlayStation, porque sentia dificuldades na motricidade fina e coordenação. E apesar do facto de ser iniciante nos videojogos, este comando compreende a adapta-se às minhas dificuldades e capacidades.
Pedro e Catarina testaram as potencialidades do novo comando
Já tiveram oportunidade de testar o material. Ficaram satisfeitos com o resultado final?
Catarina Oliveira: Sim, já testámos. Fiquei muito satisfeita e surpreendida com a personalização que permite e também com a facilidade de processos. Não só a PlayStation te guia pelas etapas de personalização, como todo o processo se torna muito intuitivo. Fiquei muito satisfeita e surpreendida. Há um trabalho de muito tempo e muita coisa que pode ainda ser feita no futuro.
Pedro Teixeira: Subscrevo o que a Catarina disse. Supriu as nossas necessidades. É um produto de apoio, que é elegante, bonito e que não deixa de ser funcional. Refiro isto, porque muitas vezes as marcas tentam vender produtos adaptados. E aqui é um comando que posso pegar e levar para casa de um amigo, sem ir com um monte de coisa. Está muito bem desenvolvido.
Novo acessório da Sony foi lançado oficialmente no mercado
Numa altura em que o capacitismo é cada vez mais relevante na sociedade civil, acham que é importante o universo dos videojogo dar mais um sinal?
Catarina Oliveira: Sim, qualquer sinal dado em qualquer área é importante. Mas o facto dos videojogos estarem também a adaptar-se é ótimo. Até mesmo nas personagens dos videojogs há mais capacitismo. As pessoas com deficiências sentem-se incluídas num mundo que é de lazer, muito divertido, mas também ligado à competiçaão. São mundos onde não se colocam as pessoas com deficiência. E ver estas pessoas como potenciais clientes e jogadores é muito improtante e inteligente por parte da marca.
Pedro Teixeira: Concordo novamente com a Catarina. Queria referia algo muito importante. Desde pequeno que o meu objetivo é ter uma Play Station. Tive duas e sentia que o comando, e a forma como era pensado, não era adequado e feito para mim. Sempre tive uma resistência ao universo dos videojgos devido às minhas dificuldades em segurar. Poder ter agora um comando que nos permite jogar é muito bom por todas estas características, mas sobretudo porque a PlayStation está a contribuir para um mundo mais inclusivo e equitativo. E imagino ter 15 anos e poder chamar todos os meus amigos para jogar. E eu ter o meu próprio comando. E há algo muito importante que se sente neste comando - é natural. Sem grandes configurações e coisas complicadas que existem em alguns equipamentos do género.
Catarina tornou-se mediática nas redes como 'Uma Espécie Rara Sobre Rodas'
E como é a vossa relação com os videojogos? Gostam de jogar? Que tipo de jogos?
Catarina Oliveira: Confesso que já joguei bastante jogos mas não sou uma jogadora assídua. O que é importante no meu caso é testar o comando e os jogos e dar a conhecer à comunidade que esta opção existe. Ou até mesmo pessoas que trabalham com pessoas da comunidade ou que têm familiares. É uma riqueza enorme. Acho que vai ser intteressante ouvir as pessoas com deficiência, que já se estão a ouvir noutros âmbitos, a dar a sua opinião sobre este comando. Até para criar melhorias depois desta fase de introdução no mercado.
Pedro Teixeira: A minha relação com os videojogos sempre foi muito atribulada devido aos meus 'handicaps' de corrdenação e motricidade fina. Recentemente gostava muito de jogos de plataformas, por serem mais simples de jogar e mais desafiantes para mim. O que estou a snetir graças à Playstation, que nos permitiu testar este comando, é que toda a minha experiência pode mudar radicalmente devido a esta comando.
Access é o novo comando da PlayStation e promete ajudar muita gente
Já vimos que a PlayStation deu um sinal claro, mas o que falta ainda mudar na sociedade? Especialmente nas grandes cidades?
Catarina Oliveira: Falta mudar muita coisa. Temos muitos sítios e coisas para melhorar. Eu sou do Porto e vivo atualmente em Lisboa, então posso falar disso. Circular em liberdade pelas cidades é algo muito complicado para pessoas com deficiência. As cidades não foram construídas de foma inacessível para nós por maldade, mas sim devido à falta da presença das pessoas com deficiência na criação das mesmas. Ninguém vai pensar em rampas se não precisar delas no seu dia a dia. O caminho está a ser feito de forma lenta, porque apesar das boas legislações de acessibidade, depois não temos qualquer tipo de fiscalização. É muito importante este contacto próximo com a sociedade. Pessoas com deficiência visual têm problemas e necessidades diferentes das minhas. A liberdade para circularmos nos transportes públicos, rua ou trabalho não é garantida. Mas também a nível de atitudes... A forma como a sociedade entende, percepciona e interage connosco, com infantilidade, pena, assistencialismo... Sou a Catarina, utilizo uma cadeira de rodas, mas sou uma mulher. E as pessoas olham sempre como se fossemos inferiores. E nesse campo ainda vamos demorar uma gerações a mudar essa visão.
Pedro Teixeira: A acessibilidade arquitectónica é algo a que estou a atento, mas prefiro falar da atitude. Aí acho que há mesmo um longo caminho, porque eu sou o Pedro, tenho 36 anos e, por vezes, tratam-me de uma forma infantil. Ou quando acrescentam os 'inhos' - Cafezinho, Pedrinho, Diazinho... E acho que é super importante construirmos esta caminhada nas acessibilidades e também nas atitudes. Assim como as digitais e todas as outras. E este tipo de investimento, feito por grandes marcas, como foi o caso da Sony neste comando, também nos permite dar força a este longo caminho que foi feito.