CRÓONICA | Dois fatos no mesmo corpo

2 meses atrás 78

Imbatível, inviolável e imperturbável. Mesmo quando muda de fato. A Espanha, que já tinha o apuramento para os oitavos de final e o primeiro lugar do Grupo B assegurados, não cedeu aos perigos do relaxamento na derradeira jornada antes das eliminatórias.

Em Düsseldorf, num «vulcão» albanês em erupção a partir das bancadas, a Roja confiou nos instintos que lhe são inatos: posse de bola, controlo e qualidade individual. A vitória, por 1-0, é de justiça por inteiro.

Segurança de reserva  

Luis de La Fuente foi ousado depois do encontro com a Itália. «Não há melhor equipa do que nós.» As duas vitórias iniciais, perante seleções de qualidade intocável, permitiram-lhe a tirada. Isso e as exibições, o sustento dos triunfos. 

Mas o selecionador espanhol também sabe outra coisa: que os 26 homens que levou para a Alemanha vestem o mesmo fato qualitativo e identitário e a prova esteve no relvado da Arena de Düsseldorf. Dez alterações no onze inicial e a Espanha continuou a ser favorita ao título.

No rigor de Mikel Merino, a «sombra» de Rodri, no rasgo de Dani OImo e nas «asas» de Grimaldo e Jesús Navas. Sem Pedri, sem Carvajal, sem Cucurella. E sem Lamine Yamal e Nico Williams. Brilharam outros.

Brilho pelo centro

Com um jogo diversificado, a equipa espanhola explorou todos os espaços que os abnegados mas incompletos albaneses cederam. Nos cruzamentos de Navas (12') e Grimaldo (12') que Merino e Joselu finalizaram, sem sucesso, ou no jogo interior, onde Olmo foi mestre de cerimónias.

É do jogador do RB Leipzig o passe magistral que encontrou caminho entre o central e o lateral para Ferrán Torres dar vantagem à Espanha (13'). Porque ainda não falámos das mudanças no motor goleador. Sem Morata, o homem do FC Barcelona fez as honras.

Albânia respirou sempre

Mas que o adeus da Albânia ao Euro 2024 não lhes tiro o brilho da primeira vez. Sylvinho, o homem do leme, tem o agradecimento da nação.

O conjunto dos Balcãs tem talento, mas talvez tenha tido ainda mais pressa para tocar o céu, ainda aberto à entrada para o último jogo. E perante esse cenário, o rigor de outros jogos ficou um pouco à deriva, permitindo à Espanha, sobretudo na primeira parte, criar corredores de futebol ofensivo que levaram perigo à baliza de Thomas Strakhosa. 

Dani Olmo (37'), Ferrán Torres (41') e Joselu (47'), por exemplo, podiam ter resolvido a questão do resultado ainda longe do crepúsculo. 

Mas se a Espanha foi muita coisa, numa noite em que não se esperava que o fosse, também foi responsável pelo afrouxamento gradual da segunda parte. E foi nessa equação que a Albânia viveu alguns dos melhores momentos.

Armando Broja (64') e Kristjan Asllani (77') tiveram as melhores aproximações. Na primeira valeu David Raya, na segunda foram centímetros a separar a bola do poste. Vontade houve sempre, faltou algo mais para provocar «feridas» reais à defensiva espanhola.

Mas que a partida em Düsseldorf tenha terminado com uma espécie de assalto final albanês - suportado por um ruido estrondoso das bancadas a cada aproximação - ficou a dever-se a uma Espanha que o permitiu. 

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